quarta-feira, 19 de setembro de 2018

CBF, após concorrência, altera vencedor de licitação para venda de transmissão no exterior. Flamengo e Atlético Paranaense recusam o negócio

Em face do novo contrato com a TV Globo para 2019 a 2024, os clubes conseguiram a oportunidade de negociar, de forma inédita, a venda de placar no estádio, transmissão internacional e transmissão via internet.

O blog contou a história aqui.

A negociação da venda de placa estática já foi concluída: Flamengo e Corinthians se uniram e conseguiram individualmente R$ 12 milhões anuais em negociação válida por quatro anos com a Sport Promotion, cujo contrato será votado nessa quinta-feira no Conselho Deliberativo, enquanto o restante dos clubes aceitou R$ 5,5 milhões em negociação intermediada pela CBF com a BR Foot, por quatro anos.

O blog contatou a história aqui.

Na negociação para transmissão no exterior do Campeonato Brasileiro, novamente a CBF intermediou a negociação. Inicialmente Flamengo, Corinthians e Atlético Paranaense apresentaram resistência, porém, no último dia 13 de setembro, a equipe paulista recuou a aceitou a proposta da BR Newmedia, vencedora da concorrência, que contou com mais sete empresas.

No entanto, ao enviar o contrato para ser assinado por 18 dos 20 clubes, a empresa que aparece como detentora dos direitos é a BR Foot Mídia, que prevê ainda pagamento de comissão à CBF de 10% (R$ 55 milhões). É o que informa a Folha de SP.

A BR Foot Mídia é representada nas negociações pelo advogado Caio Cesar Rocha, ex-presidente do STJD.

Quando a CBF procurou os clubes para promover a licitação, em julho do ano passado, a BR Foot Mídia ainda não existia - ela foi criada com o nome de Quasar em 18 de agosto de 2017, com capital de apenas R$ 100.

Só em 4 de julho de 2018 a Junta Comercial do Estado de São Paulo outorgou a mudança de nome da empresa para BR Foot Mídia, e seu capital subiu para cerca de R$ 150 milhões. O contrato com a CBF é de 18 de junho deste ano.

Flamengo e CAP recusaram fazer parte dessa negociação. Segundo os dirigentes, existe uma proposta do fundo de investimento Prudent Group que seria mais vantajosa: R$ 820 milhões por 10 anos de duração, com proposta de rateio de 50% da arrecadação após o retorno do capital investido e sem pagamento de comissão para a CBF.

A proposta da BR Foot é bem mais modesta: R$ 110 milhões por quatro anos.

A CBF afirma que a Prudent Group não deu garantias financeiras e informações sobre as estratégias de exploração e distribuição dos direitos.

Porém, no contrato fechado com a BR Foot também não tem esse nível de detalhamento, pois o primeiro compromisso da empresa seria fazer o diagnóstico do mercado e depois realizar um sistema de cogestão com os clubes e a CBF. Além disso, o CEO do Flamengo, Bruno Spindel, viajou até Miami para reunião com a Prudent e constatou a seriedade e robustez da empresa.

Eis mais um exemplo da forma negligenciada com que os clubes tratam seus negócios: permitem que a CBF faça a intermediação de seus próprios contratos e que a mesma ainda fique com 10% de comissão, sem contar a nada transparente negociação, alterando o vencedor da licitação. Tudo isso sob a conivência de 18 dos 20 clubes.

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