segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Entrevista: Gustavo de Conti, treinador da equipe de basquete do Flamengo


O treinador Gustavo Conti concedeu, gentilmente, essa entrevista exclusiva para o blog.

Confira:


No primeiro dia útil após o título do Paulistano, o Flamengo te anunciou treinador. Como surgiu a proposta, o que foi dito pela diretoria e porque aceitou essa incumbência de treinar o maior clube do país?

Realmente o acerto com o Flamengo se deu bem rápido, muito por conta de ser o Flamengo,um clube que qualquer treinador que trabalhar, qualquer jogador quer jogar, então tudo aconteceu bem rápido mesmo, logo no domingo, depois do título do Paulistano, a gente já entrou em conversações. A vontade era de ambas as partes de acontecer um acerto, então tudo foi facilitado por conta disso.

A incumbência de ser treinador do Flamengo, que já tinha uma ideia da dimensão que é, mas que estou aprendendo dia a dia, que tudo isso aqui é muito gigante e é uma nação que está por trás de tudo, tudo é feito para a Nação Rubro Negra, então estou me ambientando, mas acho que nesse mês e pouco já estou me sentindo em casa, porque me identifico muito como modo que o Flamengo gosta das coisas. Vi um clube muito organizado, muito certinho, muito bem estruturado, e que tem essa gana por vitórias, essa raça, tudo combina com minha personalidade, então estou me sentindo muito bem aqui.


O Paulistano foi campeão mesmo estando atrás financeiramente de pelo menos quatro times do último NBB. Quando você sentiu que, mesmo sem dinheiro, seria possível montar um elenco forte para bater os principais rivais?

O Paulistano não é um clube que tinha tando dinheiro para investir em jogadores na temporada passada, mas sem dúvida nenhuma está entre as melhores estruturas do país. É um clube que assim como o Flamengo honra todos seus compromissos, dá ótimas condições para jogadores e treinadores trabalharem, tem ótima categoria de base, então isso diminui bastante os custos da equipe principal, porque sai muitos jogadores dali, então a cada ano a gente crescia um pouco mais e conseguia subir um degrau a cada ano, as vezes até mais rápido do que imaginava. Durante a temporada o time foi melhorando muito, dando muita confiança para todo mundo, e percebemos que já estávamos conseguindo jogar de igual para igual com todos os grandes times do NBB e que teríamos condições de brigar pelo título.


O Paulistano venceu as duas partidas contra o Flamengo no último NBB (72 x 67 e 72 x 71). Agora do outro lado, qual foi o segredo para conseguir tal feito? O que enxerga de dificuldade na antiga equipe Rubro Negra?

É difícil falar sobre as vitórias do Paulistano contra o Flamengo, porque eram jogos muito iguais, o segundo jogo aqui no Rio a gente abriu uma diferença maior, mas terminou em um ponto, o que posso falar é que minha equipe do ano passado estava com uma confiança muito grande e jogadores muito bem preparados. Tínhamos muita noção de onde queríamos chegar. Era um equipe que jogava de forma muito aguerrida, muito atlética, que revezava bastante, jogando com uma intensidade muito alta, é o que eu posso falar da equipe que eu treinava. Do Flamengo não posso falar porque não estava aqui. Mas sem dúvida nenhuma o Paulistano era uma equipe muito difícil de ser batida na temporada passada.


Tendo carta branca para formar o elenco do Flamengo. Percebe-se que são jogadores fortes atleticamente, velozes, para jogar em mais de uma posição, praticamente todos bons chutadores e pivôs rápidos. Quais suas ideias diante do elenco montado para o clube voltar a conquistar o brasileiro, apos duas temporadas na seca?

Você resumiu muito bem na pergunta, acrescento que são jogadores vencedores também, tanto os que continuaram da temporada passada, que já ganharam muitos títulos pelo Flamengo, quanto os que vieram, que são jogadores de nível de seleção brasileira, acostumados a jogar partidas importantes e a ganhar títulos, então acho que a equipe terá essa cara, um time brigador, uma equipe muito atlética - hoje o basquete exige isso, muita da parte física, é uma equipe que vai poder revezar bastante e jogar em alta intensidade. Espero que a gente possa entrosar o mais rapidamente possível para brigarmos por todos os campeonatos que fomos disputar nessa temporada.


O Flamengo não revela jogador há tempo. Qual o primeiro passo para voltar a ser celeiro de bons atletas. Qual sua missão nessa empreitada nesse sentido.

Isso foi uma das coisas que me atraiu bastante. Nas primeiras conversas com o vice-presidente Póvoa, e o Marcelo Vido, diretor de esportes olímpicos, ficou bem clara a preocupação deles com as categorias de base, revelar mais jogadores, de ter um olhar diferente para as categorias de base, que é uma coisa no qual identifico muito, então foi uma das coisas que me trouxe para cá também, que me atraiu. A vinda do Diego Jeleilate como gerente de basquete é fundamental para isso possa acontecer, é um cara que junto comigo no Paulistano teve uma experiência muito grande com isso. Nos últimos anos talvez tenha sido o clube que mais colocou jovens jogadores para jogar, que reabilitou outros jogadores mais velhos que estavam um pouco desacreditados, mas principalmente um olhar muito grande para as categorias de base, então a gente vem para ajudar, para trazer um pouco do fazíamos no Paulistano, da nossa experiência também para as categorias de base, para que possam surgir jogadores que integrem a equipe adulta em um menor prazo possível, que nas próximas temporadas a gente já tenha jogadores da base do Flamengo na equipe principal. E isso ajuda muito também na questão orçamentária, que você não precisa trazer jogadores de fora, que muitas das vezes são mais caros.


Você é um treinador de muita vibração e não exita em ser incisivo nas cobranças nos tempos técnicos. Foi nesse ritmo que mudou o Paulistano de patamar do basquete brasileiro. Como os jogadores reagem e se pretende manter esse se estilo no Flamengo?

Pretendo ser eu mesmo, fui contratado pelo Flamengo e toda diretoria já sabia como eu sou. Muitas vezes estas questões dos tempos técnicos, dos treinamentos transparece uma outra coisa, mas ali está todo mundo querendo ganhar os jogos. O jogador as vezes precisa de uma cobrança maior, o treinador precisa de uma cobrança maior, as vezes acontecem desentendimentos ali no tempo, no treino, no jogo, que são coisas totalmente normais para um ambiente de time de basquete competitivo que a gente vive, mas sempre com muito respeito, sempre sem levar nada para o lado pessoal. É uma cobrança para a gente se entender, pro time as vezes dar uma chacoalhada e melhorar, tudo pensando no bem coletivo, no bem da equipe, sem olhar o próprio umbigo e sempre para melhorar para as vitórias chegarem. É por isso que as vezes transparece uma coisa para as pessoas que estão de fora, mas verdade aquilo é uma coisa corriqueira que acontece o tempo inteiro nos treinos, para tudo sempre para o lado positivo

2 comentários:

Flavio França disse...

Ótima entrevista. Parabéns!!!

disse...

Bela entrevista!