terça-feira, 28 de agosto de 2018

Libertadores 2018: A derrota do Santos no Tribunal e as falhas absurdas da CONMEBOL, por Giuliano Cosenza

                                                                        
Por Giuliano Cosenza, autor do @ScoutSudamerica

O Santos perdeu nos tribunais e foi punido pela CONMEBOL, sendo considerado derrotado na primeira partida por 3-0. Muitos torcedores ficaram com questionamentos sobre o procedimento que resultou na punição do clube da Baixada Santista, e iremos responder ponto a ponto do por que da punição ao clube pela escalação do uruguaio Carlos Sanchez, e o também sobre caso Bruno Zuculini do River Plate.

CONMEBOL

A Confederação Sulamericana de Futebol é conhecida por sua falta de profissionalismo. Com a mudança no comando e o novo presidente, o paraguaio, Alejandro Dominguez, se imaginava uma mudança nas formas de gestão da entidade. Entretanto, o que se observou foi a manutenção dos velhos problemas pelo qual os torneios do continente passam: punições brandas para crimes graves, desorganização dos campeonatos, aparente parcialidade em julgamentos e problemas nos estádios por todo os países. Casos de racismo ainda são comuns aqui na América do Sul e, por mais que essa novo diretoria se diga moderna, as penas para os times de torcedores que cometem injúrias raciais não passam de uma leve multa. Também não é incomum vermos verdadeiras emboscadas para times visitantes, principalmente em estádios menores, como ocorreu com o time e torcida do San Lorenzo ao visitar o Deportes Temuco, no Chile, esse ano pela Copa Sulamericana. O fato é que a CONMEBOL ganhou uma roupagem nova, vendendo ter novas ideias e desejo de renovação, mas na verdade pouco mudou em relação às administrações anteriores.

COMET

O Sistema Profissional de Gestão de Competições (COMET) chegou a América do Sul em 2013 e tinha como objetivo, segundo a própria CONMEBOL, “dar um passo a frente no processo de modernização” das competições. Esse software tem como função dinamizar os processos de registros e administração de todos os elementos que compõem um jogo de futebol, desde jogadores até estádios.

O problema foi que esse sistema só foi verdadeiramente implementado pela CONMEBOL em 2016, ou seja, todos os acontecimentos anteriores ao sistema foram apagados pelo sistema e não foram incorporados no portal. Com isso, punições como a de Bruno Zuculini, do River Plate, e Carlos Sanchez, do Santos, não apareceram na consulta ao sistema. A entidade afirma que o sistema serve apenas para consulta, não tendo, portanto, nenhum caráter oficial. Assim, o Santos deveria ter ido buscar outras formas para saber se o volante uruguaio estava suspenso, mas é difícil cobrar algo dos dirigentes do Peixe quando nem a confederação não informa corretamente no seu sistema, mesmo que este sirva apenas como uma consulta informal.

BRUNO ZUCULINI

O caso Sanchez fez a CONMEBOL trazer a público uma lista de jogadores com suspensões pendentes. Justamente o primeiro nome do documento, datado de fevereiro de 2016, é de Bruno Zuculini, do River Plate, com duas partidas de punição para cumprir.

Fica evidente que o atleta atuou as sete partidas da Libertadores de forma irregular. Condição suficiente para uma possível exclusão do River da competição, certo? Porém, o clube argentino tinha um documento datado de fevereiro de 2017, da própria CONMEBOL, atestando que Zuculini estava apto a entrar em campo. Quer dizer, nem a Confederação sabia das suspensões pendentes em plena era da modernidade do futebol. Ao assumir o erro administrativo, já disse que não irá punir o River Plate na Libertadores.

Segundo regras da CONMEBOL, o prazo para o clube reclamar da possível condição irregular de algum atleta do adversário é de 24h. Como nem Flamengo, nem Emelec e nem o Santa Fé reclamaram, não há que se falar em punição. Era óbvio que era impossível saber sobre a regularidade de fato do atleta.

O Racing, adversário do River Plate nas oitavas de final da Libertadores, só tomou conhecimento duas semanas depois do primeiro confronto e entrou com recurso para fazer com que o seu adversário seja punido pelo placar de 3-0, o que já foi negado pela Confederação.

CARLOS SANCHEZ

O volante uruguaio foi expulso na eliminação do River Plate pro Huracán, na Copa Sulamericana, em 2015, e foi punido pelo tribunal em três jogos. Em 2016, no centenário da instituição, a CONMEBOL anistiou todas as punições pela metade, e de 3 jogos, a punição de Carlos Sanchez caiu para apenas 1 jogo. Porém, como sua expulsão foi em 2015, esse dado não foi colocado para consulta no COMET, que foi universalizado apenas em 2016.

A CONMEBOL também possui um sistema de anistia com o passar do tempo para jogadores expulsos. No caso do “Pato” Sanchez, como foi punido em 1 jogo, sua anistia se daria em três anos, mas eles não tinham sido completados ainda no dia da partida entre Santos e Independiente.



O curioso é que o Independiente só notou a escalação irregular de Sanchez no Santos, após, vejam só, ser alertado pela CONMEBOL. A própria entidade que comanda o futebol sul-americano vai administrando de acordo com seus interesses.

Essa série de desinformações e amadorismo por parte da entidade máxima do futebol Sulamericano levou a punição do Santos e sua derrota por 3-0 na partida de ida das oitavas da Copa Libertadores. Agora a missão pro Peixe será duríssima na próxima terça feira, em que terá que derrotar o “Rey de Copas” por no mínimo quatro gols de diferença para levar a classificação.

Na noite desse domingo surgiu a notícia de que o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) poderia intervir na Libertadores, paralisando os jogos das oitavas de final, até o julgamento final do caso. Fato que foi negado pela Conmebol

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