terça-feira, 15 de março de 2011

A saída de Muricy e os passos pra trás do futebol carioca

O futebol carioca teve a chance de, além de festejar dois títulos brasileiros seguidos, começar a pensar na estrutura do futebol e de uma melhor condição de trabalho para seus jogadores. Mas tanto o Flamengo quanto o Fluminense, perderam dois profissionais essenciais para tentar consolidar esse trabalho: Zico e Muricy Ramalho.

Escrevi aqui no dia 20 de fevereiro: Enquanto outros treinadores cobram por reforços, Muricy cobra uma melhor estrutura no Fluminense. E anda meio irritado, porque já se passaram quase dez meses de trabalho e nada de ter uma estrutura decente para trabalhar.

Bom, acho que está claro que não dá para fazer um CT completo em dois, três meses. Porém, quais ações imediatas e relativamente baratas poderiam ser feitas para amenizar a falta de estrutura? Muricy só queria dois campos bons, um vestiário e uma academia, é tão dramático assim?

Concordo que se o Fluminense tivesse com seus sete pontos na Libertadores, título da Guabanara, daria pra segurar mais um pouco. Concordo também que não era hora de sair, ponto. Mas entendo o lado do Muricy, e sabendo como funciona o seu trabalho fica mais fácil de entender.

Justamente pelos resultados negativos, e ele sabendo que uma parcela desses resultados era por culpa da falta de um campo pra treinar, da falta de uma academia para recuperar os jogadores, somado a outros problemas políticos que foram torrando a paciência dele, como a queda da assessoria jurídica, vazamento de assuntos conversados nos vestiário e a demissão do seu homem de confiança, o Alcides Antunes. Foi se sentindo isolado e sozinho, e sentindo que o próximo seria ele.

Entendo o lado dele, como entendi a saída do Zico. Prometeram e não cumpriram e não tinham planos de cumprir.


Muricy sai como o Luxemburgo saiu do Flamengo em 91, por falta de estrutura, e vinte anos depois ele voltou e nada mudou. Foi preciso ele voltar, depois da saída de Zico, para arregaçar as mangas e estruturar o CT. Bem ou mal, Luxemburgo vai tentando tocar o trabalho. Tirou o time de uma vez do também ruim gramado da Gávea e fez algumas ações paliativas com os containeres provisórios, e ao final desse mês as obras devem de fato começar.

O futebol do Rio deu uns passos atrás com a saída do Muricy Ramalho e as espinafradas pra cima do Fluminense foram piores ainda. A imagem dos clubes cariocas que sempre foram as piores possíveis ficou mais arranhada ainda. Espero que o Flamengo puxe a fila dessa estrutura minimamente profissional para seus jogadores e que é possível sim ter um trabalho profissional no futebol do Rio.

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