sexta-feira, 14 de abril de 2017

Com a liberação dos sigilos das delações, é surreal que a Odebrecht continue dando as cartas no consórcio Maracanã


É inacreditável que ainda permaneça de pé a licitação "ganha" pela Odebrecht para comandar o Maracanã.

Antes de vir à tona as delações de ex-executivos da empreiteira, o que se assistia era um festival de irregularidades, que envolviam o governo do estado, os fiscais que deveriam analisar as contas e contratos do poder público, os empresários da Odebrecht e um estádio superfaturado, que custou aos cofres públicos mais de R$ 1,2 bilhão.

Com a liberação dos sigilos, entra em cena o que era evidente: negociatas que envolveram fraudes no processo licitatório e na obra de reforma do Maracanã, sob a complacência de muita gente, inclusive do Ministério Público do Rio, que até agora não agiu.

O Procurador Regional da República no Rio de Janeiro Athur Gueiros não se conteve e desceu a borduna no MP carioca:


Cinco dos oito depoimentos de ex-executivos da Odebrecht contam o que está por trás desse jogo sujo, envolvendo a fraude na licitação e obras do Maracanã.

O ex-presidente do consórcio Maracanã S/A, João Borba Filho, relata que a vitória na licitação do Maracanã foi uma das contrapartidas ao suporte financeiro dado ao Sérgio Cabral de R$ 94 milhões em propinas e de R$ 20,3 milhões em campanha para atual governador Luiz Fernando Pezão.

Na deleção, Benedicto Junior afirmou que houve propina de R$ 4 milhões em relação à obra do estádio. Já Marcos Vidigal Amaral apontou que Cabral recebeu vantagem indevida para 'restringir a competitividade da licitação da obra da Maracanã''.

Lembrando que os clubes foram proibidos de participarem do processo.

A Odebrecht, além de pagar propina ao executivo, pagou propina ao presidente do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Jonas Lopes, órgão responsável por auditar as contas do estado, para garantir a liberação do edital de concessão do estádio, após orientação do então secretário do governador Sergio Cabral, Wilson Carlos Cordeiro da Silva Carvalho, afirmou o ex-diretor-superintendente da empresa Leandro Andrade Azevedo.

O TC-RJ engavetou 21 dos 22 processos de investigação da obra do Maracanã. O Conselheiro José Maurício Nolasco, preso em operação recente da Polícia Federal, era relator de 11 desses processos.

Pressionado pela investigação da Lava Jato, filial Rio de Janeiro, o Tribunal de Contas carioca resolveu agir, após seis anos, apontando um rombo de mais de R$ 200 milhões e a suspensão dos pagamentos de outros contratos com o governo do Rio.

A Odebrecht também fez um pagamento não declarado de US$ 12 milhões ao empresário Fernando Cavendish, por meio de uma conta bancária em Hong Kong, com o intuito de comprar a participação da construtora Delta nas obras do Maracanã, para atender a Copa do Mundo de Futebol de 2014. A afirmação foi feita pelo ex-executivo da Odebrecht, Luiz Eduardo da Rocha Soares, ao MPF.

Mesmo diante dessas relevações que transformaram o maior templo do futebol em negociatas de políticos e empreiteiros corruptos, a Odebrecht ainda terá o luxo de vender o consórcio para a francesa Lagardére, restando apenas o aval do governador Pezão, envolvido no esquema, para liquidar a venda absurda.

Causa estranheza, ainda, que a Lagardére, apesar de toda insegurança jurídica, principalmente após essas revelações, assinou um memorial de compra no valor de R$ 60 milhões e só precisa da assinatura do executivo para confirmar a compra do consórcio. Parece pouca coisa, mas diante das delações virou muito coisa.

Neste sentido, o Flamengo uma hora ou outra terá que sentar com a empresa francesa para jogar algumas partidas pontuais, se a negociação for confirmada, porém, hoje, o clube está correto em rechaçar qualquer conversa com a Lagardère e bater pesado nessa fraude licitatória envolvendo a compra e depois a obra do Maracanã, pois, se aceita negociar com os franceses, deixa tudo nos conforme para a Odebrecht.

Não que o Maracanã seja a melhor solução, o ideal seria evoluir as conversas com as prefeituras do Rio ou Niterói. Uma nova licitação, por exemplo, pode nem ser a solução, pois podem tirar os clubes da jogada de novo. Sem falar do custo Maracanã que é altíssimo, embora naquele jogo contra o Corinthians (2 x 2), pela reta final do Brasileiro, o clube carioca foi o responsável pela gestão operacional da partida e ficou com 60% da renda.

8 comentários:

Marcel Pereira disse...

E a imprensa? Tenho ouvido muito mais comentários a favor de que o Flamengo ceda e negocie com a Lagardere, do que comentários escandalizados com o Consórcio Maracanã... E os R$ 30 MM da Operação Engenhão? Falar do Botafogo realmente não dá Ibope nenhum. Se este dinheiro tivesse parado nas contas do Flamengo, era barulheira todo dia!!! Já no Botafogo... Cri, cri, cri... E o escândalo na Arena Corinthians!? Tô achando a imprensa bairrista paulista bem tímida nas escandalizacoes... Imagina se fosse numa Arena Flamengo!!! Já estariam pedindo para implodir...

Leonel Gomes disse...

André,
o bandido, criminoso, vil Sérgio Cabral nomeou sua gangue para postos chaves do Estado carioca. Assim, a quadrilha comandada por ele agia protegida por esse sistema corrupto. Um sistema que é formado por ladrões, gente que tem rabo preso, por isso tem dificuldade em anular essa concessão ilícita desde o início.

Abraços.

Leonel Gomes disse...

Marcel,
sobre a roubalheira na Arena Coríntians envolvendo dinheiro público, o jornalista Juca Kfouri passou a vida toda chamando o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira de ladrão, sempre fazendo reportagens mostrando o que ele fez na CBF, mas quando é o Coríntians beneficiado de roubalheira só temos silêncio do referido comentarista.

Leonel Gomes disse...

"A imprensa toda sabia disso tudo. Por que não fizeram essa divulgação antes?" Emilio Odebrecht em depoimento gravado.

Marcel Pereira disse...

Leonel
Não tenha dúvida que este é um grande sonso. Tem outros ainda piores, que são canalhas deslavadas... Neto...
Aí é que lamento ainda mais o fracasso dá Primeira Liga, simbolica exatamente por não ter apoio de nenhum paulista. Federação e clubes, todos fechados com Marco Polo Del Nero.
É que merda de país é este em que um cara que não sai do país para não ser preso pela Interpol continua na presidência da CBF e fica tudo por isso mesmo, como se fosse tudo muito normal é muito natural...
Um cara que consegue ser mais sujo que João Havelange e Ricardo Teixeira parecia ser algo impensável...
Como disse o Strauch, tudo mais sujo que pau de galinheiro...

Marcel Pereira disse...

No nosso caso específico, de futebol e de Flamengo, é óbvio que barulho na imprensa paulista tá diretamente relacionado a um plano bem elaborado e meticulosamente executado de derrubar-nos do posto de maior torcida do Brasil... Sempre foi explícito...
Ninguém se preocupava com espanholizacao quando tudo levava a crer que Corinthians e São Paulo dividiriam a hegemonia do futebol brasileiro...
Quando o São Paulo foi Tri em 2006-07-08, lembro de gente na ESPN com sorriso no rosto falando em Lyonizacao do futebol brasileiro... O Lyon era Hepta consecutivo na França...

Marcelo disse...

Já que o MP não faz nada, algum cidadão carioca não poderia entrar com uma ação popular, ou algo do gênero, pedindo a anulação da licitação? Não é possível que essa concessão permaneça válida.

Guilherme disse...

É até engraçado. Vagabundo rouba, rouba, rouba, concede incentivo fiscal a rodo e depois diz que só o Governo Federal pode salvar o Rio de Janeiro.

Leonel ( tem a ver com o Brizola? rs),

só há um jeito de você colocar ladrões no poder. É com a ajuda do legislativo, pois são nossos deputados estaduais que aprovam e aprovaram as nomeações vagabundas e ordinárias do ex-governador temporário, e agora presidiário por vocação, Sérgio Cabral.

Cadeia para todos os ladrões do dinheiro do povo.

A pergunta que não quer calar: esse fulano Luiz Incentivo fiscal e Propina Pezão tá aí fingindo ser governador. Até quando? Quando ele se muda com mala e cuia para Bangu para pedir benção diária ao seu chefe?