Quase que a tragédia se abateu outra vez sobre o Flamengo.
Dessa vez, no entanto, o time conseguiu segurar o empate, não sofreu gol, o que é raridade no ano, e está classificado para as oitavas de finais da Libertadores pela segunda vez seguida.
Dessa vez, com o primeiro lugar no grupo após 11 anos. Foi segundo lugar em 2010 e 2018. Eliminado em 2012, 2014 e 2017.
Toda a torcida Rubro Negra esperava o gol do Peñarol nos minutos finais, para seguir o script de eliminações traumáticas do Flamengo nessa competição.
O cenário estava todo montado: além de gols perdidos, no mesmo instante que o LDU abriu o placar contra San José, Pará foi expulso. Seriam pelo menos mais 26 minutos pela frente. Lá estava o Flamengo precisando segurar o empate com um a menos.
Só que do outro lado do campo havia um adversário com o mesmo nível de ansiedade e nervosismo em Libertadores, tudo para evitar a sétima eliminação seguida na fase de grupos.
Contra o Flamengo, foi a primeira vez que o Peñarol não conseguiu marcar ao menos um gol em uma partida internacional no estádio Campeón del Siglo. Foram 10 jogos pela Libertadores e 2 pela Sul-Americana em seu estádio.
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Apesar dos mistérios na escalação que rondavam a partida, havia até a suspeita de que Cuellar e Pires jogariam juntos, Abel manteve Arão no time, com o quarteto ofensivo. Porém, dessa vez, colocou cada um eu sem devido lugar.
Gabigol foi de centroavante, Bruno Henrique na esquerda e Arrascaeta e Éverton Ribeiro - a melhor dupla de meias dos Brasil, por dentro, comandando as ações ofensivas, buscando o passe vertical.
E foi um Flamengo que funcionou no primeiro tempo. Mesmo precisando apenas do empate, a equipe não entrou em campo toda fechada, receosa, com medo de um adversário que também vinha ansioso por definir em casa.
O Peñarol sequer conseguiu exercer a pressão inicial. Mesmo precisando da vitória, parecia sentir o peso do jogo decisivo. Se no Maracanã não precisou propor o jogo e ficou na espreita, aguardando a primeira bobeira do adversário, dessa vez, precisando do resultado, não conseguiu fazer grandes coisas quando tinha a bola.
Logo no começo, uma oportunidade absurdamente perdida por Gabigol, após passe de Éverton Ribeiro para Arrascaeta, que serviu com categoria. O gol perdido não abateu o Flamengo, que continuou criando, e desperdiçando, outras boas chances, mas quebrou o psicológico da equipe na confiança na hora de concluir as jogadas.
O time da Gávea terminou o primeiro tempo com 60% de posse de bola e oportunidades de, pelo menos, fazer 3 x 0.
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Eis que aos 19 minutos Pará é expulso. Novamente faltou entendimento e percepção ao Abel Braga. Metade da torcida sabia que o Brian Rodriguez infernizaria a vida do Pará, a outra metade sabia que o lateral deveria ser substituído no intervalo para evitar expulsão.
O treinador, que já havia falhado ao não vislumbrar o empate como bom resultado no Maracanã contra os mesmos uruguaios, ainda colocou Gabigol pra marcar lateral, sendo expulso, e terminou com Arrascaeta no banco mesmo tendo uma substituição a fazer, errou outra vez.
Não teve leitura de jogo ao não ver que o bom Rodriguez, de 18 anos, que merece ser observado, aprontava na costas do Pará. O uruguaio conseguiu ter êxito em sete de oito dribles que tentou, além de ganhar 11 dos 15 duelos durante a partida.
É risível como Abel não faz substituições no setor defensivo, seja para corrigir uma cratera na entrada da área, seja para tirar um lateral que já tem cartão e está sendo pressionado pelo melhor jogador adversário. O treinador só mexe do meio pra frente.
E foi o pior momento do Flamengo no jogo. A torcida Rubro Negra ficou ainda mais aterrorizada quando o LDU fez dois gols seguidos, o que forçaria o Penãrol a ter que vencer de qualquer forma:
Aí entra um mérito do Abel, que não fez como outrora Zé Ricardo contra o San Lorenzo, que empilhou jogadores defensivos para segurar o empate. Dessa vez as opções do atual treinador Rubro Negro foram por Vitinho e Diego.
Mesmo com um a menos, tendo o empate a seu favor, a postura do Flamengo nunca foi de recuar. Claro que, naturalmente, o adversário iria atacar mais, iria rondar mais vezes a área Rubro Negra.
Mas não houve uma grande chance, uma grande defesa do César. Pelo contrário, quem era perigoso de verdade era o Flamengo. Até que Vitinho, livre, perdeu outra chance inacreditável para liquidar a fatura nos minutos finais.
Foram pelo menos nove chances de gol. Imagina se o Flamengo é eliminado, o quão traumático seriam essas chances perdidas?
Ao final do jogo, muito mais alívio por não ter sido eliminado do que alegria pela classificação. Isso precisa ser revisto.
Um comentário:
Ministério Público proíbe Flamengo treinar finalizações no Ninho do Urubu. Abel aguarda o alvará.
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