segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Eleição do corpo transitório do Deliberativo. Uma entrevista com Benny Kessel sobre o pleito

Acontece nesta segunda-feira a eleição para parte do corpo transitório do Conselho Deliberativo do Flamengo das 08h às 21h. Este é obrigado a comparecer às reuniões e, após três faltas consecutivos ou cinco alternadas, sem justificativa, perde seu mandato e fica inelegível para o exercício seguinte.

O presidente do CoDe, Delair Dumbrosck, resolveu eliminar todos esses faltosos e resolveu convocar uma eleição para recompor o corpo transitório. 

Entram em campo novamente a chapa azul em disputa no pleito com a chapa branca. São 115 novos integrantes, quem ganhar obtém 70% das cadeiras. Se alguma chapa conseguir 80% dos votos, leva a totalidade das cadeiras

O blog entrou em contato com um dos coordenadores da chapa azul, Benny Kessel, para avaliar o que representa essa eleição de hoje.


Confira:

Ninho da Nação: Qual o real significado das eleições dessa segunda-feira.

Benny Kessel: A eleição deveria ser apenas para repor os conselheiros excluídos, porém acabou sendo antecipado um pouco da discussão que irá acontecer no ano que vem, principalmente confrontando opiniões divergentes sobre os conselhos diretor atual e passado.


NN: Quais os pontos concretos que distinguem as duas chapas.

BK: A chapa azul, formado pelo SóFLA (Sócios pelo Flamengo), Ideologia Rubro-Negra, Sinergia Rubro-Negra e FAT (Flamengo Acima de Tudo) defende a profissionalização do clube, democratização com a participação dos sócios na vida política, austeridade, aumento do faturamento através de ações de marketing e fortalecimento da marca Flamengo. A chapa branca já deixou claro no seu discurso que defende o amadorismo, não dá a devida importância ao pagamento de impostos, assim como pretende reduzir o quadro de votantes que participam da assembléia geral para Presidente, conforme prevê um dos projetos de mudança de estatuto protocolada por eles.


NN: A reforma do estatuto, que pode acontecer ainda esse ano conforme ameaça do presidente do CoDe, perpassa pela disputa de forças entre os dois grupos. Há o risco do fim das eleições diretas?

BK: Há sim, se um dos projetos de estatuto protocolados por membros da chapa branca, denominado Fenix for aprovado. Os grupos que formam a chapa azul, e que apoiam o projeto "Conte Comigo Flamengo" são radicalmente contra o fim da eleição direta, assim como qualquer outra ação que restringe o poder do sócio-proprietário.


NN: Numa guerra a primeira vítima é a verdade. Muitos sem entender um balanço financeiro ou como se gere uma empresa repetem o mantra de que estamos trocando divida pública por privada. Isso é verdade?

BK: Existem várias mentiras nessa afirmativa. Os demonstrativos financeiros estão na página do clube e a disposição de todos para consulta.

1 – O Flamengo não tem dívida pública, quem tem dívida pública é o governo, o que já demonstra desconhecimento do assunto. O Flamengo tem sim, vários impostos não pagos ou apropriações indébitas que formam a dívida tributária do clube, que em dezembro de 2012 era de R$ 400 milhões de reais e já está em R$ 350 milhões.

2 – Em dezembro de 2012 a dívida tributária ou fiscal do Flamengo representava 51% do nosso passivo, em setembro de 2014, 52%, portanto não há mudança nessa composição.

3 – Qual seria a alterativa que a pessoa que fez essa afirmativa teria, não pagar os impostos, como aconteceu com a Timemania na gestão passada, que quase levou o Flamengo à exclusão do programa? Se o clube tiver a sorte do governo abrir um Refis, o clube estará sujeito à multa de 20%, Selic 11,5% e encargos legais de 20%, isto é, 51,5% de encargos, tendo que dar uma entrada de 20% para aderir ao refinanciamento. Esses percentuais são muito maiores do que os captados pelo Flamengo atualmente, 1,6% ao mês. Se não houver Refis o clube poderá ter suas receitas penhoradas, como vem acontecendo com alguns clubes como o Botafogo;

4 – O pagamento de impostos em dia e a consequente obtenção das Certidões Negativas propiciaram ao clube a arrecadação, até agora, de R$ 61 milhões com patrocínios públicos e incentivos fiscais. Vai propiciar a reforma da piscina olímpica, investimentos no centro de treinamento e nos esportes olímpicos em geral, caminhando para sua auto-sustentabilidade;

5 – Os membros das gestões anteriores, inclusive o que fez essa afirmativa, deveria agradecer ao fato do Conselho Diretor atual estar priorizando o pagamento de impostos, evitando assim que aconteça o que aconteceu, por exemplo, com o Corinthians, onde o Ministério Público Federal abriu um processo contra um ex-presidente por crime de sonegação fiscal, lembrando que sonegação fiscal e apropriação indébita são crimes previstos no Código Penal com pena de reclusão.


NN: A eleição dessa segunda pode ser considerada uma prévia das eleições presidenciais do ano que vem? Ou uma espécie de referendo à atual gestão?

BK: Eu acho que pode ser um indicativo e não uma prévia, porque é uma eleição que o sócio não está acostumado a votar e, portanto, deverá ter menos votantes. Esperamos que os sócios que comungam dos nossos princípios possam comparecer e votar na chapa azul, para que continuemos sedimentando esse caminho de reconstrução do Flamengo.

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