sábado, 25 de julho de 2009

Zé Carlos, não é um adeus, é apenas um intervalo!


Hoje recebi uma notícia, que mesmo sendo talvez previsível, conseguiu me desmontar. O ex-goleiro Zé Carlos, morreu.

Me veio à mente. Uma dia de sol, na Gávea, em 1987... Tinha ido, com meu pai, à sede do Flamengo pela primeira vez. E vi aquele 'monstrengo' em um treino.

Ouvia risadas, de pessoas que não o conheciam. Achavam ele meio desengonçado. Mas enquanto o via treinar, juntos dos craques campeões brasileiros, meses depois, eu o observava, como se visse um deus na minha frente.

Como alguém tão pesado, tão grande, planava, como um beija-flor?
Quem era aquele ser, que mesmo em uniforme de treino, mesmo não sendo nada sério, não valendo nada, fazia meu coração, aos 6 anos de idade, paralizar-se à cada espalmada? A cada ponte?

Andrade mandava os seus foguetes. Zé Carlos defendia.
Zico cobrava faltas, com o seu toque de mestre. Zé Carlos espalmava.
Leonardo, o garoto franzino, chutava. Zé Carlos agarrava.
Todos os outros se viravam como podiam, para superá-lo.

Zé Carlos apenas sorria. Simplesmente sorria.

Em um momento, o mestre Zico disse algo que até hoje não me esqueço: 'Zé Grandão, hoje você está impossível... deixa eu marcar um gol ai po...'

Zé apenas ria. Zico... todos riam.

Uma hora depois, quando o treino acabou eu passei do lado dele. Meu pai o chamou e o cumprimentou. Eu não conseguia falar. Não conseguia me mexer. Estava catatônico. Via aquela seleção de 1987. Ídolos que povoam a minha vida até hoje, em minhas lembranças.

Mas naquele dia, Zé Carlos era o cara.

O massagista perguntou a ele: Zé, você vai embora agora?
Ele disse, não! Só estou dando um intervalo.

Hoje, no dia de sua partida, penso como essa frase tem força.

Hoje ele não morreu, se transformou em uma lenda. Talvez um dia, meu sobrinho, que joga na escolinha do Flamengo, veja uma foto dele e alguém diga, que ele foi um dos maiores goleiros da história do Flamengo.

A partir de hoje, todos os futuros goleiros, em todas as categorias do Flamengo, vejam Zé Carlos como um exemplo. Mais do que ele já era.

Agora, Zé, é sua hora. Volta pro campo da eternidade. E voa, como aquele dia, que eu vi você voar.

Para mim, hoje ele não disse adeus. Está apenas entrando no vestiário, depois de um treino. Dando apenas um tempo. Um intervalo.

Escrito por: Falso Anjo, amigo do Ninho.

Um comentário:

CARLA LAUZ disse...

Vá em paz amigo.Saudades Zé Carlos!