"Jogo decisivo não se joga, se ganha".
Esse foi o lema de Rueda desde que chegou ao Flamengo. Ontem, mais do que nunca, o time seguiu à risca para vencer o Atlético Junior por 2 x 0 e chegar à final da Copa Sul-Americana contra o Independiente.
Uma partida complicada, diante de um adversário que, após o confronto no Maracanã, acreditou pra valer que poderia derrotar o Rubro Negro.
E pelo lado do Flamengo, um time que em momento algum da temporada passou confiança. Que sempre nos duelos decisivos, mais importante, pipocava, não aguentava a pressão e, principalmente, não conseguia decidir.
Quem colocou a bola em baixo do braço e resolveu? A turma da base, que pede passagem e está sendo muito melhor aproveitada agora com Rueda.
Os últimos seis gols foram feitos por jogadores revelados na Gávea. Vizeu foi responsável por quatro gols nos últimos três jogos da Sul-Americana: contra o Fluminense e três contra o Júnior.
Bom para lembrar do que o Flamengo é formado, conhecido, voltando às origens. Na hora que precisa, é essa turma que está resolvendo e tentando salvar o ano Rubro Negro.
À exemplo da última conquista internacional: foi campeão da Mercosul em 1999 após a saída do Romário, que possibilitou a efetividade do jovem Reinaldo, marcando gols decisivos com o Lê.
O JOGO
Bastava um empate pro clube da Gávea garantir a classificação. Rueda preferiu compor o meio de campo do que jogar pro contra-ataque. Estratégia que poderia dar certo, pois, melhor do que um time todo fechado e jogando apenas no contragolpe, seria valorizar a posse de bola, impedindo levar sufoco.
Planejamento razoável, se não fosse a péssima atuação de Diego e Éverton Ribeiro. Eis o problema: o time não conseguia valorizar a bola e não resolvia sua vida no contra-ataque.
Logo no primeiro lance da semifinal, falta boba de Cuellar. No gol, César, há dois anos sem jogar uma partida (!!!) conseguiu uma defesa dificílima e impediu o primeiro gol que colocaria o Flamengo em situação terrível. Foi o cartão de visitas do goleiro de 25 anos.
Em 20 minutos, com 72% de posse de bola, o Atlético Junior já havia chutado sete vezes no gol do César. Tentava de qualquer forma, de todos os cantos. Porém Cesar não é Muralha.
A primeira troca de passes Rubro Negra no ataque foi aos 27 minutos, que não resultou em grande coisa. O único lance de perigo do primeiro tempo foi iniciado com Paquetá, que colocou na medida para Vizeu chutar e o goleiro colombiano realizar grande defesa.
Enquanto os principais jogadores do meio de campo não resolviam, Paquetá chamava o jogo, comandando praticamente sozinho as funções ofensivas. Impressionante o crescimento do garoto. Não se intimidou com a marcação, não caía no primeiro encontrão e a bola prendia no pé dele.
O primeiro tempo encerrou com 11 finalizações dos colombianos, poucas com perigo.
Com Chará e Teo caindo nas costas do Trauco e arrumando boas tabelinhas pelo meio, o Flamengo viveu momentos tensos. Estava nas cordas, sem reação, sem forças.
Eis que Vizeu, somando habilidade pra fugir da marcação e uma velocidade que nunca apresentou, arrancou da intermediária, invadiu a grande área e meteu por entre as pernas do arqueiro do Junior para abrir o placar.
Por um breve momento, o contra-golpe surpreendeu os colombianos e silenciou a torcida. Porém, sem jogadores do Flamengo para assumir uma postura mais ativa no meio de campo, não demorou muito para o Junior voltou a exercer pressão.
E foi um sufoco. A dupla Cha-Teo infernizava a defesa. A marcação avançada sufocava a frágil saída de bola. Cuellar errava passes, não encontrava brechas para uma saída de bola qualificada. E novamente Diego e Éverton Ribeiro em nada contribuíam para o desafogo e Paquetá, principal jogador da posição, já estava sem pernas.
Quem tirava tudo era o inacreditável Juan, que conseguiu nada mais nada menos do que 18 desarmes, no auge dos 38 anos, em uma semifinal de competição sul-americana. Além do Rhodolfo, que se jogou em um lance que era certeza de gol dentro da pequena área.
Segundo o Footstats, foram 50 rebatidas e 28 desarmes certos.
E aí veio a falha do Rueda, que tem grande dificuldade fazer substituições. Permitiu que o time sofresse uma eternidade, que não tivesse saída de bola e nem jogador de velocidade.
Quando mudou, entrou com Márcio Araújo no lugar do Éverton Ribeiro aos 33 minutos. Depois só aos 40 minutos tirou Paquetá para entrar com Rodinei.
Aos 42 minutos, pênalti para Junior. E vem a grande história dessa semifinal. O quarto goleiro, dois anos sem jogar, chamado às pressas para ser o titular e salvar o patético Muralha, pula pra esquerda e pega o pênalti de Chará.
Um gol ali poderia ter complicado o final de jogo e tornada dramática uma classificação praticamente assegurada.
Até que Rodinei, que poderia ter entrado antes, avança pela direita e toca na medida para Vizeu fazer 2 x 0 e liquidar a fatura. Um alívio.
Uma classificação pouco provável pelo histórico do Flamengo em competições sul-americanas, pelo péssimo retrospecto em jogos fora de casa e pela falta de definição das partidas.
Dessa vez não foram 25 chutes, à exemplo do jogo contra o Santos. No entanto, um time que soube aproveitar as poucas oportunidades que teve.
Foi a vez do Junior provar do veneno, ao tentar 24 finalizações, afundar o time da Gávea na defesa e não conseguir o gol:
Um Flamengo que conseguiu nesses dois jogos contra a boa equipe colombiana o que não vinha conseguido nessa temporada: uma virada e uma vitória fora de casa.
Ademais, impressiona essa história de Reinaldo Rueda que foi um dos precursores em abrir mão do título da Copa Sul-Americana do ano passado para a Chapecoense, e agora conquistou a vaga para a final da mesma competição, em seu país, e a história pode lhe dar esse título que foi ofertado. Sensacional!
O treinador colombiano em três meses chega à segunda final seguida no Flamengo. E chegou a três das últimas quatro finais sul-americanas: Libertadores 2016 e 2017 e Copa Sul-Americana 2016 e 2017.
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