Mês passado entrevistamos o então candidato da chapa azul, Wallim Vasconcelos.
Após o golpe, Eduardo Bandeira de Mello foi alçado a candidato à
presidência pela chapa Fla Campeão do Mundo, o que só corroborou que o
projeto não está baseado em um único nome, mas no grupo e na
credibilidade de seus componentes.
Ele fala de
sócio-torcedor, transparência das contas, Maracanã, esportes olímpicos, e
anuncia João Henrique Areias como executivo do marketing tendo BAP como
vice.
Confira a conversa com Bandeira de Mello, futuro presidente do Flamengo:
-
O Fluminense acaba de abrir as portas para o torcedor alterando seu
estatuto, concedendo uma série de benefícios como meia-entrada e o
direito a voto. A expectativa é que 20 mil sócios entrem no programa ano
que vem, ajudando também na receita do Clube. Existe da chapa o
interesse em, logo quando assumir, pedir a alteração do estatuto para
fazer um sócio-torcedor tratando o seu torcedor como cliente de fato do
Clube e democratizando o colégio eleitoral?
Podemos firmar esse compromisso?
Qualquer
mudança no estatuto requer cuidados. Deve ser fruto de planejamento e
uma decisão em conjunta com os conselheiros e sócios. Pensamos, sim, mas
de forma gradativa.
- Muita gente fala
em profissionalizar a gestão do futebol, mas hoje temos profissionais
contratados e o departamento não anda, como também no marketing. Qual o
diferencial da chapa?
O nosso grupo. Com ele, será
totalmente diferente. Faremos uma auditoria para diagnosticar
exatamente como está a situação financeira do clube. A partir do
primeiro ano, tudo publicado direitinho no site oficial. Não temos nada a
esconder da nossa torcida, que ganhará um programa sócio-torcedor
eficiente, não este que acabou de ser lançado agora, às vésperas de uma
eleição.
Dessa forma, respaldado no nosso currículo
profissional de gestão, vamos recuperar a credibilidade bancária do
clube. Hoje, ninguém quer investir no Flamengo. O nosso grupo trará de
volta os investidores. Vamos implementar um plano de marketing, coisa
que não existe no clube. Perdemos uma grande oportunidade de aumentar
exponencialmente as receitas rubro-negras com a passagem do Ronaldinho
Gaúcho. Mas a diretoria não aproveitou. Com o nosso grupo, a torcida
pode ter certeza de que devolveremos a saúde financeira ao clube.
-
A idéia do Conselho Administrativo formado pelos vice-presidentes, que
são amadores, mas executivos conhecidos do mercado é o grande
diferencial da chapa?
Com certeza. Como a maioria
dos presidentes, vou me dividir entre minha família, meu trabalho e o
Flamengo. Eu e todos os principais nomes do grupo. Nós formaremos um
Conselho Gestor, que terá uma equipe de profissionais executivos
contratados do mercado sob sua gerência. Mas num primeiro momento estou
preparado para me dedicar exclusivamente ao Flamengo.
-
O Cruzeiro fechou com o Mineirão para jogar todas partidas como
mandante lá. Mas se por acaso quiser mandar um jogo fora, não poderia. O
que a Chapa está planejando da licitação do Maracanã? É a prioridade,
mas sem exclusividade dos jogos porque ainda sonham com uma Arena do
Flamengo, ou Arena na Gávea?
É importante
reconhecermos que perdemos a chance de ter um estádio como o Corinthians
conseguiu para a Copa do Mundo. Se estivéssemos articulados com o
governo federal, é provável que a construção de um estádio para o
Flamengo, que é o sonho de todo o rubro-negro, pudesse virar realidade. A
utilização do Maracanã vai depender muito das condições da licitação.
Flamengo e Maracanã têm uma história de glórias e será ótimo se pudermos
voltar a jogar nele. Se não for possível, temos também dois projetos em
análise: uma arena multiuso com capacidade para cerca de 50 mil pessoas
e uma ampliação do estádio da Gávea, para cerca de 20 a 25 mil
torcedores, visando jogos de menor porte. Hoje, 85% das partidas em que o
Flamengo é mandante recebem menos do que essa capacidade. Os recursos
para a execução das opções virão do programa sócio-torcedor associado à
parcerias público-privadas.
- A chapa teve acesso ao contrato da Adidas? Existe alguma posição?
Não tivemos acesso. Difícil falar.
-
Com relação aos esportes olímpicos. Existe um certo temor, até pelo
fato da Patrícia ter vindo de lá, de um possível abandono. O que a chapa
pensa como gestão profissional para os atletas e treinadores olímpicos.
E como será a execução?
A execução ficará por
conta do nosso VP de Esportes Olímpicos, Alexandre Póvoa. Segundo ele,
as principais modalidades carecem de condições de treinamento. A
natação, por exemplo, vem recuperando espaço nos últimos anos, apesar da
falta de infraestrutura oferecida pelo clube (piscinas em péssimo
estado). Achamos a contratação de ídolos um fato importante, mas
queremos que eles treinem dentro do clube para alavancar projetos com as
futuras gerações. Certamente, os investimentos continuarão, mas com
maior equilíbrio entre formação de equipe e infraestrutura. Contratar um
atleta olímpico para que ele não apareça no clube e, ainda por cima,
com a sua “arena” (no caso, a piscina) em péssimo estado me parece
contraproducente inclusive para a motivação dos atletas que estão lá,
vivendo o dia-a-dia do Flamengo. Esses são o nosso maior ativo, que
devem ser valorizados sempre.
- Ainda
sobre clube social/esportes olímpicos. Em 2010 o Flamengo teve uma
receita de R$ 18 milhões, em 2011 foi de R$ 19 milhões. Mas as despesas
sempre foram maiores: em 2010 R$ 45 milhões e 2011 gastos R$ 35
milhões. Como equilibrar as contas, como tornar os esportes olímpicos
superavitários?
Para todos os esportes olímpicos,
temos que nos organizar de forma competente para arrecadar os recursos
necessários – através do aproveitamento de leis de incentivo fiscal (por
que não criar um grupo especialista no assunto, como existem no Minas
Tênis e Pinheiros?), atração de patrocínios via credibilidade de quem
negocia (esse é o grande trunfo de nossa chapa), conquista de maior
número de sócios (campanha competente de sócio-torcedor e outros) e/ou
garantia de maior frequência nas escolinhas (consequência de um clube
mais forte).
- Quem vai gerir o marketing do Clube?
Luiz
Eduardo Baptista (BAP, presidente da SKY), será o nosso VP de
Marketing, tendo João Henrique Areias como diretor-executivo da área.
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