À exemplo de 1995, o sonho de terminar a temporada de fracassos com um título foi por água abaixo. Tanto lá quanto cá, os graves problemas antes e depois do jogo se repetiram, que vão merecer um capítulo à parte.
Outra vez ocorreu invasão, brigas, gente pisoteada e muita confusão. Um clima absurdo de guerra, de ameaças tomou conta dos entornos do Maracanã. Presenciei antes do jogo diversas crianças e famílias não conseguindo entrar no estádio porque as bombas, a correria e o gás de pimenta eram intensos. E depois do jogo era assustadora a quantidade de bombas voando, tiros disparados, grades sendo arremessadas, pessoas desesperadas sem saber para onde correr e a bandidagem roubando quem passava.
Falha grave da segurança pública de um falido Rio de Janeiro, e também do Flamengo, que deve receber uma dura punição. Afinal, era de conhecimento público que teriam invasão e brigas, e foram incapazes de armar uma barreira para só acessar a área perto das entradas quem tivesse com o ingresso.
O Rubro Negro perdeu uma chance imensa de criar uma casca em competições sul-americanas, após duas eliminações seguidas na fase de grupos da Libertadores. Ganharia moral derrotando uma equipe de tanta tradição sul-americana e daria fôlego a um elenco que lutava para parecer cascudo, pelo menos nessa competição. Eram so aparências. O time mostrou que segue sem nenhuma estrutura psicológica e expôs sua frágilidade em termos de organização, diante de um adversário muito melhor prostrado, que não se abateu com o ambiente hostil e muito menos com o gol sofrido. Mostrou porque são de fato "os reis de copas".
O gol perdido pelo Éverton logo no começo foi um mal sinal. Uma finalização bizarra, sem olhar, diante de um goleiro que já estava caído.
Se Diego fazia outra uma partida bem ruim, Paquetá realizava jogo de gente grande e experiente. Impressionou a tranquilidade, a frieza. A bola grudava no pé e ninguém tirava. Já havia marcado no Maracanã pela final da Copa do Brasil, voltou a balançar as redes agora pela final da Sul-Americana.
Porém, a vantagem e a euforia duraram pouco. Em um pênalti muito mal marcado pelo árbitro de vídeo, o Independiente chegou ao empate. Como conseguiram ver a penalidade, em um jogo onde poucos contatos físicos eram marcados, é uma incógnita.
Aliás, a arbitragem também merece um capítulo à parte. Os absurdos três minutos de acréscimos em cada tempo, após um longo período para decidir sobre o pênalti, a contusão do César que ficou mais de cinco minutos sendo atendido no gramado e as seis substituições, além de a todo momento o árbitro mandando voltar para que se cobrasse a falta no ponto exato onde ocorreu.
Merece discussão se a arbitragem de vídeo não vai funcionar também para avisar pro árbitro que o jogo ficou paralisado por tantos minutos. Em suma, uma vergonha.
No segundo tempo um Flamengo morto, sem forças para reagir, sem saber como chegar na área do Independiente. Se não fossem as bolas erguidas na área, não teria levado perigo algum. A única jogada individual foi com Paquetá, que merecia outro gol pela categoria.
Por pouco Réver não marca de cabeça e no rebote, no último minuto. O Independiente com mais espaço, valorizava a posse de bola, não recuou tanto como na Argentina, não ficou esperando o time do Flamengo e ficou perto da virada, se não fosse Juan salvando em cima da linha.
Por fim, Rueda foi obrigado a usar a base, e jogar com atletas de 16 e 17 anos em plena final sul-americana porque as super contratações da diretoria não resolveram.
A única que deu certo foi de Diego Alves, e só veio por apelo da torcida, que pressionou pelas redes sociais. Todas deram erradas ou não foram utilizadas quando deveriam. Muito dinheiro gasto, muita contratação furada e um planejamento que gastou muita grana para pouco resultado.
Mas o trabalho do Rodrigo Caetano segue indiscutível. O atual vice-presidente de futebol, Ricardo Lomba, já até anunciou que o executivo está garantido para 2018, tudo capitaneado pelo presidente Eduardo Bandeira, que até outro dia comandava diretamente o futebol (não que hoje tenha se afastado) e Fred Luz, CEO do clube.
O Flamengo saiu derrotado em várias frentes, em todos os sentidos na noite dessa quarta-feira, e conseguiu até arrastar a torcida para o meio desse furacão.
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O Ninho da Nação foi convidado pela Bumbet, site de jogos on-line e patrocinador oficial da Copa Sul-Americana para assistir o jogo da final no camarote da empresa. Parabéns à turma pelo ótimo ambiente e serviço proporcionados aos convidados. Se tivesse vindo o título, teria sido uma noite Rubro Negra perfeita.