Após a péssima atuação e derrota para o LDU por 2 x 1, de virada, pela Libertadores, o Flamengo teria uma dura missão logo na estreia do Brasileiro: encarar o Cruzeiro, invicto nesse ano, campeão mineiro, líder da Libertadores, vindo de grandes investimentos e considerada a equipe com o melhor futebol da temporada.
Apesar da grande expectativa inicial, que ainda teria o duelo Arrascaeta contra sua ex-equipe, o começo de jogo foi ruim, de praticamente nenhuma ameaça aos goleiros adversários.
Abel Braga colocou em campo os titulares. E novamente optou por escalar Bruno Henrique no ataque, Gabigol na direita, Everton Ribeiro centralizado e Arrascaeta na esquerda.
Apesar de alguma tentativa de movimentação do quarteto da frente, não deu certo. Praticamente não houve criação ofensiva do Flamengo, que, sem Everton Ribeiro pela direita, perdeu-se a triangulação com Pará e Arão. Com Bruno Henrique jogando na área, perde-se em profundidade. E Gabigol, que vinha com boa média de gols, foi o artilheiro do ano passado, deixou de marcar, além de não conseguir boa recomposição defensiva.
Abel não erra quando busca variações pra surpreender seus rivais. Em termos de números, tem sido boa aposta escalar Bruno Henrique de nove: são impressionantes 11 gols e oito assistências em 17 jogos. Cinco gols após essa mudança. Dois gols contra Botafogo, Fluminense, Vasco e Cruzeiro.
Mas será que compensa tamanho sacrifício de perder a característica do restante dos homens da frente? Além de tirar do próprio Bruno Henrique toda sua potencialidade no lado de campo? Vamos ver quem ganha essa aposta. Espero que seja o Flamengo e não a teimosia.
Confesso que esperava mais do Cruzeiro. Outra vez a equipe de Mano Menezes preferiu não jogar e busca uma bola para tentar seu gol. À exemplo dos últimos confrontos contra o Flamengo, seja no Maracanã e até no Mineirão.
E foi novamente em erro coletivo na marcação que o Rubro Negro sofreu seu gol. Léo Duarte não ganhou no corpo com Fred, que fez bem o pivô, Arão não conseguiu cortar e, pelas costas do Pará, Pedro Rocha abriu o placar.
Seria o cenário perfeito para o Cruzeiro ir para o intervalo vencendo por 1 x 0. A sorte Rubro Negra foi que Bruno Henrique cabeceou em falha do goleiro Fábio e ainda chegou pra completar, impedindo Gabigol, em posição irregular, de tocar na bola. O empate logo na sequência impediu o adversário de fazer o que mais sabe.
Na volta do segundo tempo, eis que o Flamengo apresenta seu melhor futebol: mais agrupado, mais próximo e sufocando a saída de bola, o time de Abel Braga dominava completamente a partida, a ponto de chegar a ter 66% de posse de bola e ver Cesar assistir o jogo sem sofrer nenhum perigo, contando com o ótimo jogo de Cuellar e Arão.
O próprio treinador celeste reconheceu: "O segundo tempo muito abaixo tem a ver com a qualidade de jogo que o Flamengo nos impôs (...) Erramos muito a transição de ataque, muitas vezes a bola não estava forçada, mas escolhemos o passe errado. Isso foi dando falta de continuidade. Aí você não respira, não posiciona, não consegue sair de trás".
A virada veio em interessante triangulação pela direita. Gabigol fez a parede, Arão fez ótima jogada e Bruno Henrique se posicionou brilhantemente pra fazer o 2 x 1.
Com Diego em campo, as jogadas fluíam com mais facilidade. Além dos dois gols, Bruno Henrique ainda cavou a expulsão de Edilson, jogando pela esquerda.
O Cruzeiro ainda tentou se lançar ao ataque, mas em contra-ataque, Gabigol distribuiu passe para Bruno Henrique, que se livrou de Dedé e chutou, para ótima defesa de Fábio. Porém, Gabigol já estava na área para fazer o terceiro e confirmar a importante vitória contra um dos favoritos ao título ao lado do Flamengo.
Por fim, foram 57% de posse pro time da Gávea e apenas duas finalizações cruzeirenses em 90 minutos.
Com o 3 x 1, Juan finalmente pôde entrar em campo para encerrar sua brilhante carreira.
Após dias turbulentos, um sábado perfeito para a Nação Rubro Negra.
Um comentário:
Nas últimas sete partidas entre Flamengo e Cruzeiro pelo Brasileirão houve um empate e seis vitórias do Flamengo. Ontem, porém, a mídia esportiva falava consensualmente em freguesia rubro negra recente. Bando de retardados. Mesmo quando o time mineiro levou vantagem, como na final da Copa do Brasil em 2017, foi com dois empates, já nas oitavas da Libertadores ano passado, foi uma vitória pra cada lado. No geral deu: 1 vitória pro Cruzeiro, 3 empates e 7 vitória do Flamengo. Freguesia mesmo, de quem?
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