sexta-feira, 25 de outubro de 2013

José Neto responde aos leitores do blog

José Neto com o time de basquete no Maracanã contra o Botafogo

Os leitores do blog tiveram a oportunidade de entrevistar o treinador do Flamengo José Neto. Eis as respostas:



1) Um dos obstáculos da última temporada foi a montagem de praticamente um novo Flamengo - ficaram apenas o Marcelinho, Duda e o Caio Torres. Dessa vez a base foi mantida. Qual o novo desafio para esse novo ciclo que começa?


Quando o trabalho é de continuidade, acredito que já saímos um passo a frente. Isso porque muitas coisas já estão adaptadas, como por exemplo a proposta de trabalho. Os conteúdos podem ser adaptados de uma maneira mais rápidas. O título do NBB da temporada passada foi uma conquista importantíssima para o Flamengo e para o nosso grupo, mas isso já ficou pra história! Agora o foco é outro. São os desafios desta temporada que acredito que vão ser ainda mais fortes, tanto no NBB como na Liga das Américas, e já estamos sentindo isso no Carioca com a participação infelizmente de poucas equipes, mas que investiram para esta temporada. O desafio é fazermos do Flamengo uma equipe ainda mais forte! Para isso, cada dia é importante para podermos evoluir e assim podermos atingir nossos objetivos.


2) Sem revelar suas armas aos inimigos, mas como você está imaginando o Flamengo agora sem um pivô pesado no garrafão? Qual a diferença tática do time agora com o Meyinsse? 

O basquete possui várias estratégias e táticas de jogo. Temos que usá-las de acordo com as características dos jogadores que possuímos. Na temporada passada tínhamos um time que nos permitia usar determinadas ações ofensivas e defensivas com um pivô grande próximo à cesta. Hoje temos outras estratégias para poder tirar o melhor de um pivô não tão grande mas com outras qualidades que serão exploradas. Gosto de ter um time versátil, onde os jogadores podem atuar em mais de uma posição. Tivemos muito disso a temporada passada e agora podemos ter novamente esta versatilidade entre os jogadores.


3) Como será o aproveitamento do Marcelinho? Ele está pronto para assumir a condição de 6º jogador - não mais de titular? 

Não acredito muito em um rótulo de titular. Esta é uma condição que pode ser mudada de acordo com a necessidade da equipe ou do adversário. Como eu disse anteriormente, gosto de uma equipe versátil e hoje temos esta versatilidade que permite termos mais do que 5 jogadores que podem iniciar a partida. Além disso, os atletas que compõem nossa equipe entendem perfeitamente esta situação, pois isto é benéfico ao time.


4) Caso Cristiano Felício for liberado para jogar no Flamengo (já foi confirmado), você admite jogar com ele mais o Jerome Myensse? 

O Cristiano é um jogador em formação! Ainda está adquirindo e aprimorando as habilidades para o jogo. Sendo assim, pensamos em oferecer a ele uma formação de jogador versátil, que consegue atuar mais de uma posição. Isto já aconteceu quando trabalhamos juntos nas Seleções Brasileiras que estivemos (Sub19 e Seleção de Novos- Universíade) onde ele atuou nas posições 4 e 5.


5) As contratações do Flamengo pareceram cirúrgicas, reforçando as duas posições mais carentes da equipe ano passado - um armador característico para alternar o ritmo dos jogos e uma rotação de melhor qualidade nos pivôs. Como foi essa discussão com a diretoria ? Como é a discussão com dois ex-atletas de basquete (Marcelo Vido e Póvoa ?)Você teve todos os seus pedidos atendidos ou houve vetos e/ou imposições ? 

Primeiro é importante lembrar que a equipe que tínhamos a temporada passada foi vitoriosa! Montar uma equipe não é tão simples como parece. Não é simplesmente trazer os bons jogadores para o time, mas fazer com que estes jogadores utilizem suas capacidades e habilidades para potencializar o time. Além disso, temos que ter uma estrutura (Comissão técnica e condições de treinamento) para que possamos desenvolver este grupo dia a dia. Esta é a necessidade para suportar uma temporada difícil, como teremos. Portanto para a montagem da equipe é necessário também colocar em questão a situação momentânea em que vive o clube e ser condizente com isso. Tudo isso é levado em consideração e resolvido internamente para o melhor do Flamengo.


6) Como você pretende fazer a rotação na posição 2 sem o Duda? 

A equipe é versátil! Podemos ter pelo menos cinco jogadores que possam atuar nesta posição. Não vejo problemas para esta rotação.


7) O time que está jogando a LDB vem atuando muito bem. Você acha que alguns desses jogadores, além do Gegê, poderão ter oportunidades no time principal durante o NBB? 

Temos em nossa equipe adulta sete jogadores desta categoria. Todos os outros podem jogar o sub22. A partir do momento em que treinam com a equipe, eles tem a oportunidade de jogar, seja no Carioca (o que já esta acontecendo), NBB ou Liga das Américas.


8) Como alguém vindo de fora e sendo vitorioso no clube, qual eram as suas impressões do Flamengo antes de chegar ao clube como Instituição; Do basquete e a estrutura da modalidade, projetos, integração com escolinhas e base; e sobre a torcida? 

O Flamengo é um sonho para todo atleta brasileiro. Poder ter uma rotina em um clube da importância do Flamengo e poder sentir a torcida que apoia a equipe em todos os lugares é o desejo de qualquer esportista. Pretendo fazer muito ainda pelo Flamengo. Não quero apenas dirigir uma equipe, mas quero ajudar o Flamengo ser referencia de basquete no Brasil. Estamos longe disso, mas no caminho para que possa acontecer. Quando falo em referência, quero dizer em transformar o basquete do Flamengo em um modelo de trabalho, desde a formação até o alto rendimento.


9) Recentemente temos visto a seleção americana e o time do Miami Heat jogarem um basquete de contra ataque, rápido, agressivo, com vários jogadores abertos e sem a presença de um pivô dominante. A seleção brasileira já foi conhecida por jogar esse tipo de basquete, de transição, com ótimos resultados. Assim sendo, pergunto: 

a) Qual é a identidade do basquete brasileiro, a melhor forma de jogarmos? E qual a maneira que você gosta que os seus times joguem? 

Existem várias "escolas" de basquete no mundo. O Brasil ainda não tem a sua muito bem definida. Cada treinador usa uma metodologia e tem seus princípios adquiridos de sua própria experiência. Particularmente gosto mais do basquete europeu, que tem em sua essência um jogo mais coletivo e tático em relação ao basquetebol americano. Apesar de que várias equipes da NBA, por possuírem jogadores que jogam o basquete FIBA, já adotem em seus sistemas ofensivos um jogo mais coletivo e variações defensivas, já que antes a defesa individual era a única permitida.


b) No NBB passado, conquistado pelo Mengão sob seu comando, naquela série invicta sensacional do Flamengo, o time estava jogando um grande basquete, rodando a bola, buscando o melhor arremesso, usando bastante do tempo de posse de bola no jogo de meia quadra ou jogando em contra ataque quando possível, enfim, jogando um basquete moderno, sem essa de ficar arremessando loucamente de 3 pontos. Em algum momento da campanha a equipe passou a jogar um basquete de muitos arremessos de 3 pontos, muitas jogadas individuais, arremessos sem um trabalho maior. Você concorda com essa análise? Se sim, o que aconteceu? 

Não concordo. A equipe sempre procurou jogar muito taticamente e desta forma conseguimos atingir objetivos importantes. Na temporada passada o Flamengo foi a décima equipe que mais tentou bolas de 3 pontos no campeonato. A quantidade de bolas de 3 pontos não significa que a equipe não joga coletivamente. O Flamengo na temporada passada foi a segunda equipe em eficiência do campeonato. Teve o melhor ataque da competição com média de 90 pontos convertidos por jogo e apenas 77 pontos sofridos (segunda melhor defesa do campeonato). Ou seja, fizemos muitos pontos e defendemos muito bem. Acredito que isto fez com que pudéssemos chegar ao título.


10) José Neto, o elenco está fechado ou pode chegar mais alguém? E qual a expectativa para temporada? 

Como citei anteriormente, temos sete adultos na equipe. Ainda temos espaço para outros jogadores se julgarmos necessário. Por enquanto vamos assim. A expectativa é de uma temporada muito dura. Muito mais difícil do que a temporada passada. Vários times investiram muito pra este NBB com objetivo de disputar o título. Alem disso temos uma competição duríssima, a Liga das Américas, que esta muito mais competitiva devido ao Mundial Interclubes criado pela FIBA à partir desta próxima temporada. Com certeza as equipes que disputarão esta vaga da América estão investindo muito e bastante motivadas.


11) Esse ano o planejamento da pré-temporada foi prejudicado em relação ao ano passado. Tivemos nenhum amistoso. Percebo que outros times já estão bem adiantados nessa questão. Isso não pode fazer diferença? Os adversários estão bem mais fortes. 

Este ano temos uma realidade diferente da temporada passada, onde tínhamos uma equipe praticamente nova e todos em condições de iniciar os treinamentos mais cedo. Este ano tivemos jogadores em recuperação de lesão e jogadores servindo às seleções de seus países. Tivemos que fazer um planejamento diferente, mas nada que impossibilite atingirmos nossos objetivos.


12) Neto. Sou do interior de São Paulo e tive a oportunidade de acompanhar os jogos do Fla-Basquete na cidade onde moro (Sorocaba) e na Capital (contra Pinheiros e Paulistano, inclusive no playoff). Primeiramente, queria agradecer pela campanha vitoriosa que fez resgatar o orgulho rubro negro na modalidade. Esperamos uma temporada ainda melhor, apostando na sensacional dupla de cestinhas Marcelinho/Marquinhos. A dupla pode jogar junto como titular? Ou um será um reserva à altura do outro? O Leandrinho que está livre no mercado tem lugar neste timaço? 

Como disse em outras respostas, acredito em um basquete de jogadores versáteis onde não temos um quinteto inicial fixo. Por isso é perfeitamente possível Marquinhos e Marcelinho não só começarem um jogo, mas atuarem juntos durante várias partidas. Um jogador como o Leandro tem espaço em muitas equipes do mundo e no Flamengo não é diferente, mas como também citei em outras respostas, montar uma equipe demanda ajustes que vão além de termos os melhores jogadores. Enfim, eu é que agradeço pela oportunidade de estar falando um pouco do nosso trabalho e principalmente sobre Flamengo. Sou de Itapetininga, que pertence à região de Sorocaba, onde você mora. Fico muito feliz de poder jogar com uma equipe como o Flamengo na minha região, onde sei que o basquete é uma forma de entretenimento para a população.

3 comentários:

Barreto disse...

Acho o Joáe Neto um grande treinador, mas as suas entrevistas não me agrandam porque são extremamente do " politicamente correto". Assim deixa de responder algumas coisas importantes. Para muita gente parece que o Kojo não renovou e o Nico veio para substituí-lo, quando na verdade o Kojo saiu porque o Fla pensava em algo melhor. Faltou dizer coisas deste tipo, mesmo com um discurso mais acomodador. A sua entrevista não acrescenta muiyo.

Bcb disse...

Legal André, as respostas do Neto foram boas.

Muito boa a iniciativa!Parabéns.

Ninho da Nação disse...

Que bom que voltou, BCB.

Só colocaria a entrevista no ar quando tu voltasse...hahaha

abs, amigo.