Sem dúvida foi a melhor escolha feita. Não é inexperiente e muito menos ultrapassado, e sempre realizou longos e bons trabalhos pelos clubes que passou sem ser demitido: Grêmio e Corinthians.
Pelo Grêmio chegou em abril de 2005 com a missão de tirá-lo da segundona. Conseguiu de forma épica na batalha dos aflitos. Em 2006 conquistou o campeonato gaúcho e levou o time ao terceiro lugar no Brasileirão. No ano seguinte foi bicampeão estadual, eliminou o São Paulo e o Santos na Libertadores, mas perdeu a final para o Boca Juniors. Aproveitamento de: 59.5%.
Chegou ao Corinthians no final de 2007 também com a missão de tirá-lo da série B. Em 2008 perdeu a final da Copa do Brasil para o Sport, mas conseguiu subir para a série A. Em 2009 conquistou a Copa do Brasil e o campeonato paulista. Em 2010 fez a melhor campanha da primeira fase da Libertadores, mas topou com o Flamengo nas oitavas e foi deliciosamente eliminado. Em junho do mesmo ano acertou sua ida para a Seleção Brasileira. Outra vez não foi demitido. Aproveitamento de: 64.4%
Minha maior expectativa é pelo seu excelente trabalho tático. Gosta do 4-2-3-1, mas no Corinthians chegou a usar o 4-4-2. Gosta de muita movimentação do quarteto da frente com todos marcando a saída de bola, especialmente os dois meias de velocidade pelos lados que precisam voltar para compor a linha defensiva do meio de campo. Seus volantes saem bastante pro jogo. Elias agradece.
Quem conhece bem sobre variações táticas é o Eduardo Cecconi, que escreveu sobre o trabalho do Mano no Grêmio e Corinthians.
No Olímpico, o treinador foi considerado um estudioso dos conceitos da Europa, transitando entre o 4-5-1 e o 4-1-4-1. Com ele, o Grêmio sempre privilegiou a compactação entre defesa e meio, valorizou articuladores com boa conclusão de média distância, e se amparou na presença de um atacante de referência - para ser a bola de segurança. Não é por acaso que os jogadores mais destacados na era Mano Menezes foram os meias que se aproximavam do ataque - como Hugo, Leo Lima e Diego Souza; e os meio-campistas mais defensivos, também com passagem à frente, como Lucas e Tcheco.
Mas no Corinthians, Mano Menezes preferiu não corromper a característica histórica do time paulista. O Timão de 2008 é uma equipe extremamente leve, rápida e ofensiva. O sistema tático é o legítimo 4-4-2 brasileiro, com meio-campo em quadrado. Os dois volantes sabem jogar (Elias e Cristian), assim como a dupla de articuladores (Morais e Douglas). Outra diferença em comparação com o Grêmio: não há centroavante de referência. No ataque, aparecem dois atacantes de velocidade e movimentação (Dentinho e Herrera).
Mesmo jogando com volantes sempre presentes no ataque, meias que lembram os antigos pontas-de-lança, e atacantes rápidos, Mano Menezes também liberou os laterais. André Santos, principalmente, pela esquerda; Alessandro um pouco menos, na direita. O Corinthians de Mano Menezes joga com a bola no pé, troca passes e apresenta um repertório vasto de movimentações sincronizadas - diagonais, trocas de função, aproximações, tabelas e abertura de espaços. A maioria dos gols surge de infiltrações pela área, e conclusões de média distância.
Mas, para não dizer que Mano Menezes abandonou completamente as origens, é bom destacar: o Corinthians é uma equipe abnegada na marcação. Talvez pela urgência do retorno à Série A, e pela característica dos jogadores - aliando velocidade e preparo físico - parece existir um pacto entre Mano e os atletas, algo do tipo "estamos no 4-4-2, temos dois meias e dois atacantes, os laterais passam...mas todo mundo tem que marcar!". Sem a bola, os meias do Corinthians alinham com os volantes, formando duas linhas de quatro jogadores compactadas à frente da área, enquanto Herrera e Dentinho exercem pressão na saída de bola, forçando o adversário a sair pelos lados ou quebrar o passe.
Mano Menezes soube entender a característica do grupo, o perfil da instituição, e a exigência técnica do campeonato. Impôs a superioridade do Corinthians sem recair no defensivismo, como ocorreu algumas vezes no Grêmio.
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