A matéria é do Jornal Cruzeiro do Sul :
"A polêmica da venda e distribuição dos ingressos para o jogo entre Flamengo e Grêmio, no último dia 6, pela última rodada do Campeonato Brasileiro, deve virar objeto de CPI na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Mas o objeto da apuração dos deputados estaduais não será a maneira vexatória a que milhares de torcedores foram submetidos para conseguir os bilhetes - dormindo na porta do Maracanã, apanhando da polícia, sofrendo assédio de cambistas - nem o esquema de desvio que contava com a participação de empregados e diretores da empresa responsável pela confecção das entradas.
O que os parlamentares do Rio querem saber é por que a Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj) não enviou as centenas de ingressos de cortesia a que eles julgam ter direito - apesar de não haver nenhuma lei, decreto ou portaria que regule a distribuição do mimo aos integrantes do legislativo. A confusão na Alerj começou na véspera do jogo decisivo. Tradicionalmente, as cortesias a deputados e assessores são distribuídas na sexta-feira anterior à partida. Dessa vez, os ingressos foram enviados para o gabinete do líder do governo Sérgio Cabral na Alerj, o deputado Paulo Melo (PMDB).
Houve confusão. Parlamentares de oposição e do chamado baixo clero - com pouca densidade política - argumentaram que não receberam a cota a que teriam direito. Na terça da semana passada, o deputado Marcos Abrahão (PTdoB) subiu à tribuna da Casa e acusou o líder do governo de "afanar, tirar, subtrair os ingressos que eram para o meu gabinete". Recebeu apoio de pelo menos outros três deputados que não teriam conseguido receber suas cortesias.
No dia seguinte, o vice-presidente executivo da Suderj foi exonerado. "Paulo Melo não é dono da Alerj e a secretária de esporte (Márcia Lins) deve ser tão incompetente quanto ele", acusou Abrahão. Questionado por que não foi proposta a CPI para apurar as irregularidades na venda dos ingressos e o tratamento dado aos torcedores, o deputado explicou "que não estava a par do caso". "Minha questão não foi quanto à falta de ingresso. Em outras gestões, os deputados não eram tão desprestigiados. Os secretários sempre ajudavam", alegou Jodenir Soares (PT do B).
Paulo Melo não quis se pronunciar. Sua assessoria atribuiu o problema à confusão na Suderj e disse que o parlamentar não faz uso das cortesias. Por nota, a Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Lazer informou que um convênio assinado entre a Suderj e a Federação de Futebol do Rio (FERJ) prevê o repasse de 1.225 ingressos de cortesia à autarquia. "A Suderj recebe ofícios de órgãos governamentais e não-governamentais, até mesmo de veículos de comunicação, que são atendidos na medida do possível e de acordo com a demanda de cada jogo", informou a nota.
Além da Alerj e da imprensa, recebem cortesias o Congresso, a Câmara Municipal, prefeituras, secretarias, tribunais de contas e Poder Judiciário." (Alfredo Junqueira - AE)
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