sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

"Um volante para o Flamengo. Ou dois". Por Joza Novalis

Nosso colaborador Joza Novalis está de volta ao Ninho para escrever opções de reforços estrangeiros para a posição de volante  - uma das mais carentes ainda da equipe.

Confira:

Perspectivas para o Flamengo em 2019 são as melhores possíveis, ao menos em tese, sempre bom pontuar, quando se trata do Mengão. Nas temporadas anteriores, da gestão passada, reforços chegaram e garotos da base foram promovidos ao time principal. Roteiro correto e elogiável não fosse por um detalhe: nas arquibancadas, vez ou outra, muitos tinham a sensação de que faltava um lateral. Ou dois. Só um exemplo. Sem coçar muito a cabeça, qualquer torcedor acha outros.

Nome de quem veste a camisa do Fla e manda no segundo terço do campo? Quem sabe? Cuéllar. E quem pode ser o seu vizinho, companheiro no setor, em 2019? Arão. Pode reclamar, pode xingar. Mas vai lá falar com o Abelão. Ao menos é o que tudo indica. Mas se ele não aprovar as atuações do Arão, vai bancar o Jean Lucas? Poderia ser uma boa, mas pouco provável.

E o Piris? Esqueça! Paraguaio é primeiro volante com boa recuperação, mas não tem perfil de garçom. Além disso, prática de ser camisa 5 e circular por outros setores do campo com intimidade é para poucos. É para Cuéllar, não é para Piris. Possível, portanto, que especulações sobre a busca de um volante pipoquem nas redes sociais muito em breve. E qual seria o volante ideal para o Fla, nos demais mercados da América Latina?

O que faz ou o que deveria fazer um bom volante

A redução dos espaços em tese não funciona somente como arma para encaixotar o ataque rival numa marcação bem posicionada. Ela é vital também para as transições rápidas de uma equipe que se pretenda protagonista numa partida. Para tanto, a presença de jogadores habilidosos e que participem da construção ofensiva ainda no segundo terço é vital, pois a maioria dessas ações ocorrem justo neste setor, o segundo terço. Daí a importância dos técnicos acordarem à necessidade de volantes que vão além da brava capacidade de lutar. E na boa: lutar é obrigação, embora muitas vezes tanto jogadores como a torcida na arquibancada se esqueçam disso. Aquele negócio de dar carrinho, sujar o calção, cerrar o punho e ainda gritar na cara do rival é de fato contagiante. Mas é prática obsoleta e que deve ficar no passado. Ao menos no que se trata das necessidade de uma equipe de porte, como a do Flamengo.

Bom posicionamento substitui inúmeras ações empolgantes no futebol. Isto serve para goleiros, centroavantes e também para os volantes. Ideia é ter garra e destemido espirito de luta, mas sem sujar o calção. Difícil? Sim! É por isso é que prevalece o habilidoso em dar carrinhos. "Ah, mais eu gosto de ver essas ações nos jogadores do meu time?". Seu time é pequeno? Okay. Não é? Então pensemos o quanto ele tem se confundido como o Americano de Campos, Nova Iguaçu ou Goytacaz?

Amenizando: tem problema nenhum dar carrinho. Um ou outro. E só. Excesso num jogador pode ser problema sério de posicionamento. Prática disseminada numa equipe grande escancara problema de identidade. Razões para isso, quais são? Inúmeras. Dentre elas, má gestão, que gera a falta de grana, que gera baixa qualidade do elenco, que gera receio no técnico de optar pelo jogo criativo e propositivo etc. E o que sobra é a camisa. Mas por quanto tempo? Tem já muito time pequeno que tá nem aí para o peso da camisa de time grande. E bom deixar claro: se já não respeitam é porque este sentimento brotou e se disseminou no próprio time grande da massa. E toda essa conversa é para quê? Para dizer, meus amigos, que o Flamengo já passou dessa fase. Tem boa gestão, recursos e pode e deve pretender coisas grandes. E para que serve a conclusão? Para pensarmos qual seria o perfil de volante ideal para o Rubro-Negro. Contudo, antes disso, pensemos um pouco mais no que espécie de jogador é o tal do volante.

Primeiro volante

Camisa 5 é aquele que marca, que rouba a bola e que cobre não só laterais mas um ou outro maluco da defesa que se lança ao ataque. No futebol brasileiro, cada vez mais ele funciona como um terceiro zagueiro, pois muitas vezes não só recua para formar uma linha de três, quando os laterais avançam, mas também se mantém recuado quando estes guardam posição, praticamente formando uma primeira linha de 5.

Já tivemos alguns muito bons até mesmo na Gávea. Porém, o apequenamento do futebol brasileiro fortaleceu a ideia de que ele tem de ser brucutu. Craque nesta função é o Ralf, pois executa bem seu papel, mas sem levar muitos cartões. E jogadores como o Ralf são disputados a tapa, pois são os preferidos da maioria dos nossos treinadores. No Flamengo, este jogador é o Piris da Motta. Mas se é verdade que no futebol atual uma equipe grande precisa buscar o controle do jogo ela precisa dispor de um volante de contenção que tenha a habilidade, controle da bola e que saiba ditar o ritmo. Afinal, o bom ritmo do futebol de uma equipe em geral ocorre quando ele começa no setor percorrido pelo camisa 5; se este jogador não tiver habilidade, vai delegar algumas ações para o segundo volante ou meias, sobrecarregando-os. Claro, tudo isto na perspectiva do jogo propositivo e baseado na posse da bola.

Então, o que foi a contratação do Piris da Motta? De Barbieri a Abel ninguém parece inclinado a escalar o Flamengo com um "doble 5" defensivo. O paraguaio é um reserva para Cuéllar, mas sem as mesmas características do colombiano. Por se assemelhar ao Ralf, e não ao Cuéllar, sua presença entre os titulares, em substituição ao colombiano, pode implicar numa mudança relevante no comportamento da equipe. Isto porque não se trata só de uma simples substituição. Estamos falando de um jogador-chave, provável que do verdadeiro ritmista da equipe. O ideal talvez fosse o de não ocupar uma vaga de estrangeiro com um reserva; este jogador poderia ser um garoto da base, que com perfil parecido ao do titular se educaria no banco de reservas ao ver o colombiano apresentar o melhor do seu futebol dentro das quatro linhas.

Deixando claro: nada contra o Piris, que é bom jogador naquilo que se propõe. Mas se já ficou claro que ele é diferente do colombiano, atento a duas características vitais. Cuéllar é especialista em ler corretamente os acontecimentos de uma jogada para se adiantar e fortalecer a pressão ou recuar no momento certo e se posicionar no local correto para intimidar a pressão da equipe rival. O outro traço em que se diferencia do Piris é na dosagem da força, algo que por certo, sejamos justo, poderia ser menos problemático à medida que o reserva jogasse mais, se entrosasse e melhorasse seu nível de confiança.

Segundo volante

E o chamado camisa 8 seria o quê? Suas funções consistem em auxiliar os meias na organização da equipe e criação de jogadas. Em tese, é quem recebe a bola de um defensor ou o primeiro volante, e a solta para o meia ou atacantes. Também pode se infiltrar pelo centro como elemento-surpresa e aparecer no entorno ou dentro da área para arrematar. Contudo, a tarefa do segundo volante precisa ser também a de marcar. E quando isto não acontece, ele sobrecarrega quem, em tese, já é o grande sobrecarregado da equipe, o camisa 5. E é isto o que a presença de Arão faz com o Cuéllar.

Para começo de conversa, a posição de segundo volante exige muita inteligência do jogador pois o seu posicionamento é bem dinâmico e ditado pelos acontecimentos de um jogo. Se não se cuidar, é bem possível que ele passe boa parte dos 90 minutos sem entender o que está acontecendo. E fica lá, sem serventia. A depender de certo jogador, nessas horas, ele se entrega ao nada; a depender de um outro, ele se infiltra em setores já ocupados por outros colegas de time e gera aquele famoso bate-cabeça. Para um segundo volante saber cavar seu espaço entre o 5 e o 10 não é ou não deveria ser um exercício para qualquer um. Sendo claro, Arão não deve ser o camisa 8 do Fla porque quando ele recua à faixa central do campo parece se hospedar em território desconhecido. Além disso, quando circula após a faixa central não parece entender a fluidez do jogo pelo setor, o que dificulta sua leitura dos acontecimentos e o impede de combater o contragolpe de modo satisfatório. O Jean Lucas talvez seja este jogador, mas o Flamengo tem recursos para contratar um ótimo reforço até para que seu garoto da base se espelhe nele e desenvolva ou sofistique o seu talento.

Volante misto

De uns tempos para cá, a denominação de volante misto se faz obrigatória para caracterizar o futebol de alguns jogadores. Trata-se do atleta que executa tão bem a função de 5 quanto a de 8. Cuéllar é um primeiro volante que em muitos momentos se comporta como um volante misto, mas é sobretudo um excelente camisa 5. Por seu apetite ofensivo Arão seria um volante misto, desde que soubesse executar as ações de um Piris da Motta, algo que, sabemos, ele não consegue fazer. A existência do chamado volante misto admite a presença de um camisa cinco de qualidade, e até mesmo de um 5 que só saiba marcar. Contudo, desautoriza a presença de um segundo volante. O ideal para uma equipe de ponta é que ela seja comandada por um "doble 5" de qualidade (um Cuéllar e mais um) ou por um bom camisa 5 e um misto. Dito isso, quais seriam os perfis indicados para o Flamengo?

Os melhores volantes para o Flamengo

Jormam Campuzano (22) é volante do Atlético Nacional. Este jogador atuava na segunda divisão da Colômbia e por aqui já havia quem o conhecesse antes mesmo do Atlético Nacional, por um acaso, chegar até ele e o contratar por uma mixaria. Hoje, já faz parte da seleção cafetera, embora ainda seja bem desconhecido. Trata-se de um veterano de 22 anos, que é um típico camisa 5 de excelente nível técnico. Com o técnico Almirón, aprendeu a se infiltrar na defesa para fazer a saída de bola com a qualidade de poucos. Seu passe é preciso e consciente. Para facilitar as transições, utiliza o passe médio aéreo, que faz a redonda chegar exatamente nos pés de seus colegas mais à frente.

Campuzano dar o bote com precisão cirúrgica. Seu jogo é um alívio para laterais que se lançam ao ataque. Por ser muito forte e conduzir bem a redonda tem o perfil de volante de infiltração; quando isto acontece, seu arremate da entrada da área é uma arma interessante para ser utilizada em situações de jogo nas quais nada parece dar certo. Na pressão sobre o rival ele tende a se posicionar um pouco mais à frente. Mas sua leitura impecável das jogadas, nas transições para o campo de defesa, é garantia de que o contragolpe pode dar errado. Isto ocorre porque nessas horas entender se a bola será conduzida pelo portador ou se será passada para outro jogador é o que via de regra determina a quebra do contragolpe. Campuzano é perito na arte de entender o que vai acontecer e para quem a redonda será passada em velocidade. Raramente ele erra. Então, dificilmente o "touro indomável" do Atlético Nacional não a intercepta quando ela vai de encontro de algum atacante na trama rival.
Por vezes, somos tomados pela impressão de que o colombiano se imagina como o único jogador em campo que deve conter o ataque rival. Desta forma, a inteligência em saber se posicionar ganha relevo em relação aos esforços de se transformar em três ou quatro ao mesmo tempo. Para resumir: chega a ser chato de ver como Campuzano parece ser seguro. Com Cuéllar, faria um "doble 5" defensivo moderno; ou seja, nada passaria.

Leonardo Gil (27), volante misto do Rosário Central, é opção interessante. Além de ser ótimo recuperador de bola também assiste muito bem, pois tem bom passe médio e longo. Aos poucos tem aprendido a se infiltrar como elemento-surpresa, o que é muito bom, pois sua condição física privilegiada permite tanto que apoie o ataque quanto que retorne a tempo para trancar a casa, no meio-campo. Seu futebol lembra o de Charles Aránguiz, de quem é um admirador confesso.

Apesar da qualidade de seu futebol, a imaturidade na leitura das jogadas o impediu de se destacar, após deixar a base e ingressar na equipe profissional do CAI, de Comodoro Rivadávia, clube do acenso argentino. Mas este problema não existe mais. Leonardo Gil é volante de categoria e já parece dispor da maturidade suficiente para não sentir a camisa de um clube como o Flamengo. Outra vantagem é a polivalência. Ele pode atuar como volante interior ou como lateral-esquerdo. E com detalhe: sem perder a qualidade de seu futebol.

Marcelo Díaz (32), volante chileno do Racing, é alguém que parece estar no auge de sua condição técnica, além da excelente forma física. Isto importa bem, pois problemas físicos não raro atrapalharam um dos melhores volantes que a América do Sul produziu neste século. Díaz não seria jogador para o Flamengo obter lucro financeiro mais à frente; é jogador para conquistar títulos.

Na cartilha de Marcelo Díaz tudo o que se espera de um bom volante é oferecido com generosidade. Combate ao portador da bola, saída de jogo, passe curto, médio e longo: tudo ele parece fazer bem. Tipo de jogador que faz o futebol parecer ser mera brincadeira de fim de semana; algo fácil e ao alcance de todos. Faria um "doble 5" defensivo com Cuéllar de arrepiar para qualquer atacante rival. Sua entrega à camisa e ao jogo é tão intensa que o leva, muitas vezes, a reclamar excessivamente do árbitro ou de quem ao seu lado parece desinteressado com o jogo. Isto é um efeito colateral da garra e respeito de Marcelo Díaz pela camisa que veste. Não seria caro, não seria para investimento financeiro, mas seria para encorpar de vez o que seria, com sua presença, um grande Flamengo em 2019.

Edson Álvarez (21), jogador do América, é um dos maiores talentos que surgiu no México nas duas últimas décadas. Pensemos juntos em um jogador que consegue ser volante, lateral ou zagueiro e sem perder nem um pouco o seu grande nível futebolístico; pois bem, este é Edson Álvarez, junto com Lainez, duas das sensações atuais do futebol mexicano. Porém, enquanto Lainez é muito caro por ser um atacante e chamar mais a atenção, Álvarez ainda é, para muitos, um mero desconhecido.

Mas por que o Flamengo contrataria um jovem de 21 anos, se tem inúmeros no elenco, inclusive na zaga? Deveria contratar porque independente dos grandes jogadores que já possui, "la Joya" mexicana seria um dos maiores destaques do elenco. Como já dito, ele poderia ser um zagueiro, porém não seria um zagueiro qualquer. Com La Volpe, Álvarez aprendeu a ser um clássico camisa 3 que sabe sair jogando, tem bom jogo aéreo e um belo passe desde o fundo. Como lateral, possui um fôlego de búfalo para fazer o corredor direito e com sobra. Como volante, seria outro caso de doble 5 defensivo do estilo "não passa nada". Mesmo ainda tendo poucas características de um volante misto, o mexicano costuma aparecer no ataque e fazer estragos. Passe deste jogador custaria uns US$ 5 milhões. Após uma temporada no futebol brasileiro, iria à Europa por no mínimo US$ 20.

Iván Marcone (28), camisa 5 argentino, é uma espécie de diretor de orquestra; definitivamente é quem dita o ritmo das equipes em que joga. Foi assim já no início de sua carreira no Arsenal de Sarandí; depois, foi peça-chave no Lanús vice-campeão da Libertadores e agora tem sido assim no Cruz Azul. Antes de sua chegada à América do Norte a tradicional "Máquina Celeste" parecia um um amontoado de jogadores. Marcone foi o responsável, dentro de campo, por transformá-la numa das equipes mais competitivas do futebol mexicano.

Seu jogo gera inúmeras possibilidades para a construção do ataque. E elas ocorrem prioritariamente de duas maneiras. Desde a primeira linha, para onde ele retorna para fazer a saída, e também a partir das roubadas de bola, o que ocorre em vários setores da cancha. Na construção desde o fundo Marcone utiliza seu passe precioso, que pode ser curto, médio ou longo a depender de como os jogadores de sua equipe estão posicionados. Se deseja atrair os atacantes ou toca de lado ou recua, em geral com passes curtos. O comando é todo dele, a bola sempre retorna aos seus pés, pois a garantia de se conseguir superioridade numérica não está relacionada simplesmente à atração dos rivais, mas à sabedoria de dar o passe decisivo para tal.

Fácil de vermos um volante que saiba roubar a bola; difícil é pensarmos em número relevante daqueles que sabem o que fazer com ela. Márcio Araujo, por exemplo, até roubava (embora bem menos do que algumas pessoas queriam acreditar), mas depois as entregava de volta e sem nenhum constrangimento. Todo mundo ria: alguns de raiva, ele de alegria, pois acreditava que fazia a coisa certa. Questão é que um "cabeça-de-bagre" coloca toda a sua energia na ação de roubar uma pelota; depois disso, feliz, se acomoda, descansa e recupera o fôlego. Felizmente para alguns, esta ação é só parte de seu trabalho como volante. Roubar bolas para Marcone é pouco; ele é especialista em fazê-lo de forma limpa, sem cometer faltas. E a prova de que seu passe é precioso está no fato de que foi o melhor passador do campeonato mexicano; quase não erra um. Com a redonda sob seu domínio, os jogadores de frente têm a liberdade de se deslocarem como bem quiserem, pois o bola do camisa 5 vai chegar com precisão para qualquer um deles.

Com Cuéllar, Marcone faria um "doble 5" defensivo do tipo que quase dispensa os armadores a partir da faixa central. Sua adaptação aos clubes aonde chega é rápida e ignora países, modelos de jogo ou qualidade do elenco. Um efeito colateral de sua contratação é que quando não está em campo parece faltar identidade para a equipe, assim como equilíbrio entre as linhas e mobilidade correta para a construção do jogo propositivo.

Na noite do dia 10 de janeiro, o Boca Juniors fez uma proposta para o Cruz Azul pelo jogador.

Mateus Uribe (27), colombiano do America/MX, é o típico jogador cujo futebol expressa o significado do volante misto. E neste quesito, é um dos melhores na América Latina. Sua vida discreta e reclusa fora de campo contrasta com o seu futebol vistoso e de jogadas que muitos torcedores só conseguem esquecer no jogo seguinte. Sua personalidade é atrativa, chama a bola, chama a responsabilidade pela construção do jogo e chama a atenção dos marcadores rivais como poucos outros conseguem fazer. Uribe é um resumo do que um volante moderno precisa ser.

O colombiano joga por terra aquela impressão de que um marcador implacável não pode ser habilidoso e vital para a construção do jogo. Vale destacar que sua capacidade de marcar está associada à antecipação e à ocupação dos espaços corretos. Porém, se é um marcador de relevo é da mesma forma um jogador muito difícil de ser marcado pelos rivais. Em parte, por causa de sua categoria em se deslocar por todos os setores do campo com grande mobilidade; em parte, porque no de ataque parece desfilar por espaços obscuros do campo. Do nada aparece como ponteiro que se infiltra em diagonal ou dar o passe certeiro; do nada chega na cara do gol. Sua participação no último terço é uma afronta para os zagueiros desatentos. Sua participação na campanha que levou "Las Águillas" ao título nacional oferece, ao menos à "zagueirada" uma noção do que estamos falando.

No América, tudo passa pelos pés do colombiano. A condução da bola é tão veloz quanto eficiente, mas Uribe é sobretudo um ritmista que sabe a hora de dar uma pausa, acelerar, recuar e dar o passe no momento certo. Também tem a habilidade de atrair a marcação e abrir espaço para seus companheiros.

Defensivamente também não deixa a desejar. Mas não é um senhor ladrão de bolas como outros volantes destacados aqui. Como já dissemos, sua marcação se faz eficiente na antecipação e menos no contato físico. Aliás, em termos físicos, Uribe ainda tem algo a evoluir. Por certo já teria conseguido se não se desgastasse tanto numa partida. Não é um jogador que se lesiona, longe disso, mas uma consulta a seus companheiros testemunharia o quanto o colombiano deve se jogar numa cama assim que chega aos vestiários. Sua entrega é contagiante e se não fosse tão inteligente por certo que alguém precisaria avisá-lo sobre o apito final do juiz, após os 90 minutos.

Victor Cantillo (25), do Junior Barranquilla, cai fácil naquela definição de "Monstro". Garoto aí é dos volantes que mais tem evoluído no futebol da América do Sul; do tipo que ri da forma como ele mesmo jogava há coisa de dois anos. E olha que dois anos atrás já era acima da média. Mas em que aspectos Canitllo tanto evoluiu e em tão pouco tempo? Nada de precipitações, antes disso, vamos traçar algumas de suas características primeiro.
Cantillo é um volante misto; camisa 8 que sabe ser 5 e 10, ao mesmo tempo. Nada o assusta; rival, camisa, estádio, torcida, nada. Em quaisquer circunstâncias ele pratica seu jogo vistoso e eficiente com a mesma desenvoltura. Perito no passe inicial que gera as transições, perito na bola longa que corta caminho e se depara com o atacante na cara do gol, perito em rodar a pelota de um lado a outro, esfriando a partida, acelerando-a, arbitrando-a à sua maneira como se jogar futebol fosse fácil. Magro e alto, mais parece um desengonçado perdido no campo e suplicando para o jogo acabar. Porém, um olhar atento vai se deparar com um exímio protetor da redonda que determina a priori quem manda no lance e contra quem a pressão da marcação alheia não interfere em nada quanto à sua decisão de soltar a pelota. Hora de passar é ele quem sabe e, com efeito, isto está diretamente vinculado ao ritmo que o volante pretende ditar à partida.

No Junior, era possível vê-lo trabalhando o passe para o setor esquerdo do campo e aglutinando um bom números de jogadores por ali. Então, quando os rivais caíam na armadilha de igualar o contingente no setor, Cantillo iniciava o deslocamento para o outro lado, o direito. Em geral, através de passes longos, que não permitiam aos defensores rivais a remontagem da linha. Desta forma, Cantillo praticamente decidia, muitas vezes, por qual lado a sua equipe deveria atacar.

Outro ponto interessante é o seguinte: na fase ofensiva de pressão, Cantillo se posiciona bem próximo aos acontecimentos dentro ou no entorno da área. Se a infiltração se faz complicada, a bola em geral volta para seus pés, que ora reinicia o processo, suavizando a pressão com toques curtos, ora encurta os acontecimentos com uma assistência matreira entre linhas. Ao mesmo tempo, quando a pelota é recuperada pela zaga, ele no mínimo fecha a saída pelo setor esquerdo e, na média, pressiona o portador para recuperar a bola. E nisto é que está o ponto abordado anteriormente, sobre o fato de ser Victor Cantillo um dos volantes que mais evolui na América do Sul.

Se olharmos os números de quem mais roubou bolas na Libertadores/2018, vamos encontrar Pablo Pérez em primeiro lugar, com 110 bolas roubadas, o que dá uma média de mais de 7,5 por jogo; em seguida vem Wilmar Barrios, com 106, e média de 7 por partida. Cantillo roubou 82 bolas, mas como jogou bem menos que os dois finalistas da competição, tem média de 10,5 bolas roubadas por partida. Este número é tão absurdo que ele supera as ações de Leonardo Pico, seu companheiro de equipe e jogador que está em campo para este tipo de ação. Enfim, um monstro dentro de campo, mas com um detalhe: sem sujar o calção.

Bem, falamos no início que Abelão provavelmente não jogará com um doble 5 defensivo. O fato é que até para técnicos mais tradicionais fica claro que dois camisas 5 que participam da criação dispensam o segundo volante. Contudo, se a ideia é mesmo a de ter o "segundo volante" a lista contemplou esta necessidade. Para finalizar, apontaremos algumas promessas que se destacarão na America do Sul brevemente. Poucos chegariam para a titularidade no Fla, atualmente. Mas fica a dica para os nomes dos meninos abaixo.

Pedro Ojeda (21) Rosário Central. Atua como primeiro volante ou como segundo volante. Tem excelente primeiro passe e senso de colocação. Outro que torna fácil a vida de qualquer lateral. Drible e passe tem de sobra. Porém, costuma ser econômico nos gestos. Ideia é sempre a de utilizar sua categoria para tranquilizar antes da faixa central e para fazer o simples, porpém eficiente, quando se aproxima da grande área rival. Ainda um pouco verde. Mas promete.

Gianluca Mancuso (20) é um camisa 5 do Vélez Sarsfield. Filho dele? Isso mesmo, do "Mancusão", que atuou pelo Flamengo e também pelo Palmeiras. O filho é melhor que o pai; ao menos tecnicamente. Se vai conseguir desenvolver todo o seu potencial, outra história. Porém, já se projeta como um dos melhores volantes jovens das "canteras" argentinas. Tem bom passe, muita força física, forte proteção à zaga e a garra que todos conheceram no futebol do seu pai. Joga fácil.

Ariel Uribe (19) é segundo volante chileno do Monarcas Morélia. Também pode atuar como camisa 5, sua posição de origem. Mas o que ninguém entende é por que o tal técnico da equipe mexicana colocou o garoto para jogar como extremo pela esquerda. Tudo bem que não falta velocidade para Uribe, mas é um enorme desperdício. A grata revelação chilena acerta quase 100% dos passes, costuma recuperar a pelota já bem antes de saber o que fará com ela. Habilidoso e inteligente Uribe demonstra que sua evolução está só no começo. Tem potencial para se destacar no futebol europeu em pouco tempo e é bem possível que isto realmente aconteça.

Tomás Belmonte (20) é mais uma revelação da "cantera" do Lanús. Se você começou a leitura deste texto pelo fim, a recomendação é a seguinte: pare, pegue um telofone ou entre nas redes sociais. Em seguida, perturbe o dirigente do seu clube até ele se convencer a buscar o Belmonte. Brincadeira o que joga esse garoto. Primeiro ou segundo volante? Tanto faz! Tanto a camisa 5 quanto a 8 vestem bem nele. Aos poucos tem se convertido num volante misto e com perfil de quem sabe fazer gols. Se precisar, o garoto busca a redonda na primeira linha e solta para os jogadores de frente; se precisar, se apresenta no entorno ou dentro da área para guardar. Do tipo que vale a pena contratar nem que seja para emprestá-lo a uma equipe menor.

Raúl Loaiza (24) é volante colombiano do San Lorenzo. Jogador de muita vitalidade e com excelente marcação na faixa central. Daquela estirpe de jogador que não se assusta com a pressão dos atacantes rivais. Sempre colocou sua velocidade a serviço da equpe, mas bastou ser treinado por Almirón para priorizar o manejo da bola com calma. Seus passes curtos e médios são precisos e seus passes longos vem ganhando relevo à medida que seu estilo de jogo se sofistica. Também nele vale a pena ficar de olho.

2 comentários:

Jonas disse...

Ramires do Bahia jofa mta bola um bem bolado com Bahia pode faze o muleque vestir Rubro Negro, so tem 18 anos e e melhor que todos estes alem de nao ocupar vaga de estrangeiro no qual ja temos 6!

Anônimo disse...

Elias do atlético Mineiro 2° volante.