segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Brasileirão 2018: Barbieri está obrigado a buscar alternativas táticas. E o empate que castigou o desespero do treinador

Talvez seja mais "fácil" montar um time do que remontar um novo esquema em meio a jogos tão desafiantes que o Flamengo enfrenta agora em agosto.

Zé Ricardo viveu essa fase em 2016, quando fez o Rubro Negro forte taticamente, no entanto, foi vigiado pelos adversários, terminou as últimas dez rodadas do Brasileirão empurrando com a barriga e, em sua teimosia reinante, não soube buscar uma novidade para fazer o Rubro Negro ser campeão.

Novamente outro treinador enfrenta essa sinuca de bico. Barbieri montou um esquema forte, com apenas um volante de ofício, resultando em uma defesa que não sofria gols (lembram da invencibilidade do Diego Alves?) e era a equipe que mais desarmava do campeonato.

Entretanto, tudo que a torcida temia aconteceu no pós-Copa. Um time que não sofria gols, agora é constantemente vazado. E toda equipe vencedora começa por uma defesa forte. Inter não toma gols há seis jogos. Palmeiras há nove. Ambos não levaram gols em agosto.

Muitos acreditam que a defesa ficou frágil pela entrada do Réver na equipe titular. Como já escrevi aqui, a compactação também já não é mais a mesma, simplesmente porque é difícil manter o nível de intensidade que esse esquema precisa ter para não desguarnecer a defesa.

Agora Barbieri terá que apresentar uma carta na manga, uma novidade que surpreenda os adversários e recoloque a equipe de volta nos trilhos.

Vejo duas soluções que podem ser utilizadas, analisando e montado a estratégia para cada confronto.


DOIS VOLANTES

O esquema com apenas um volante e quatro meias depende de muita intensidade física e até concentração mental. Ou seja: não tem descanso durante a partida. Fica evidente que nos últimos jogos o Cuellar não está aguentando a correria de dominar aquele espaço sozinho. Com Pires e Cuellar além de desgastar menos o colombiano, um dos meias será poupado e a marcação deverá ficar mais eficiente. Em um espaço menor, os quatro da frente terão mais fôlego para auxiliar também na marcação alta.

Mapa de calor do Cuellar contra o Vitória:


Mapa de calor do Cuellar contra o América-MG:



VITINHO DE ATACANTE

Uma outra forma pode ser jogando sem um atacante de ofício. Não que Vitinho não possa fazer a função pela esquerda, até poderia, se tivesse um lateral que fizesse a ultrapassagem e um atacante letal, coisa que hoje não existe.

Vitinho fez uma boa partida contra o Vitória, mas foi péssimo contra o América-MG. Suas principais características têm sido os chutes de fora da área. Praticamente todos fazem o goleiro trabalhar. Por que não jogar mais perto da área, como atacante?

Moreno tem entrada bem e precisa de regularidade para apresentar resultados. Portanto, jogaria com o colombiano na esquerda e Vitinho de atacante.


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Contra o América-MG, o Flamengo chegou a cinco partidas sem vitória jogando como visitante: empates contra Palmeiras, Santos e América-MG e derrotas para Grêmio e Atlético Paranaense e ocupa a quinta colocação dos jogos fora de casa. É preocupante, pois a estatística prova que nada mais nada menos que os últimos sete campeões brasileiros foram os times que tiveram o melhor desempenho fora de casa.

O Flamengo novamente não fez um bom jogo, como tem sido a tônica. O começo foi semelhante ao de Curitiba. Os mineiros só não abriram o placar no início porque perderam um gol dentro da grande área. Foram vários passes errados e muita desconcentração.

O gol Rubro Negro foi até uma surpresa. Porém, logo depois o empate de Rafael Moura fez justiça, após falha de Léo Duarte, que praticamente não vinha errando. Após o empate, o Flamengo até conseguiu reter a bola, mas sem levar qualquer perigo.

No segundo tempo finalmente o melhor momento da equipe. Foram bons 15 minutos, onde saiu o gol de Paquetá, em ótima jogada de Éverton Ribeiro, o melhor dessa equipe e que tem sido decisivo em praticamente todos os últimos jogos.

Porém, tudo começou a desmoronar com a expulsão de Cuellar. Barbieri então tirou bem o Dourado para entrar o Pires. Foi razoável com a entrada de Arão e a saída de Vitinho. Mas errou demais ao tirar Diego e escalar Rhodolfo, quando a opção seria Moreno, até para dizer ao adversário: "olha, não vem todo não, porque ainda tenho um atacante de velocidade para surpreender vocês". Sem contar os dois gols perdidos. E os possíveis pênaltis não marcados. Em suma, uma tarde desastrosa.

Barbieri se desesperou e tratou o adversário como se fosse um gigante nacional, que nem pressionava, nem sufocava com bolas na área, fechando o time com três zagueiros e dois volantes sem qualquer necessidade, lembrando muito Zé Ricardo contra o San Lorenzo. O empate foi um castigo.

Espero que tenha aprendido e já comece a buscar alternativas para não naufragar.

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