domingo, 17 de dezembro de 2017

"Para um 2018 melhor é necessário agir", por Márcio Braga

Carta encaminhada pelo ex-presidente Márcio Braga, nesse final de ano.

Confira:

O final de 2017 chega de forma muito dolorida para a Nação Rubro-Negra. Iniciamos sob a promessa de um ano mágico e terminamos empilhando decepções.

A despeito disso, aos que se revoltam com a timidez do desempenho esportivo imediatamente nos é lembrado de que tempos idos houve campanhas muito piores. Com o perdão da franqueza, trata-se de um argumento cínico. Se é verdade que já tivemos anos piores, não é menos verdade que as condições estruturais de outrora eram muito mais espinhosas e a despeito disso lutamos com suor e sangue para seguir em frente, com a união de todos na preservação da mítica do Manto Sagrado.

Agora, com muito mais haveres à disposição, o Flamengo fraqueja e mostra conformismo e passividade diante das derrotas. Sim, há avanços administrativos e não há razão para ignorá-los, ou melhor, é o caso de celebrá-los, porque ninguém deseja a volta do Flamengo caloteiro e carente de recursos. Mas mesmo neste particular há que se relativizar, porque 2 aspectos chamam atenção.

O primeiro é que o Flamengo de hoje, tal e qual um novo-rico, pôs-se a gastar à larga, a ponto de comprometer exercícios futuros com fortunas a serem pagas para atletas de desempenho mediano. São mais de R$ 56 milhões de direito de imagem para Muralha, Rômulo, Geuvânio, Everton Ribeiro, aos quais se somam mais de R$ 18 milhões de direitos econômicos de atletas como Berrio, Mancuello, Rodinei, Renê e os quase R$ 25 milhões para quitar o empréstimo para contratar Marcelo Cirino. Ou seja, R$ 100 milhões da nossa futura arrecadação para quase nada, sob as bênçãos de uma equipe dos chamados executivos regiamente remunerados, aliás em patamares jamais vistos na nossa instituição.

O segundo – e talvez mais importante – é que esse esforço de recuperação financeira não é obra exclusiva da direção atual, mas sim uma construção coletiva de todos nós, torcedores, associados do clube, conselheiros, porque nele empenhamos nossa esperança e paciência, na certeza de que dias melhores viriam e que teimam em não chegar.

O verdadeiro credor do Flamengo é sua torcida, que merece receber com juros e correção monetária o investimento realizado na estabilização do clube. Perder, ainda que seguidamente, é duro, mas faz parte do jogo.

O que não aceitamos é atitude blasé que se tornou a marca registrada dos nossos fracassos e que nos brinda com cenas patéticas, como a exagerada comemoração pelo 6º lugar no campeonato brasileiro, com direito a uma foto que em tempos idos só se permitia quando acompanhadas de um troféu genuíno.

No Flamengo de hoje tudo é insosso, burocrático. O exemplo mais recente: em resposta ao trauma de milhares de rubro-negros que sofreram o horror das cenas de guerra no Maracanã na final contra o Independiente, o clube se limita a soltar uma nota oficial protocolar, esquecendo-se até de pedir desculpas a todos que pagaram caro para ao final serem vítimas de uma desorganização completa.

Nada pode ser mais emblemático, o clube se porta como se o drama de seus torcedores não lhe dissesse respeito e é incapaz de demonstrar sequer um sentimento autêntico de solidariedade. Para um 2018 melhor é necessário agir.

Está provado de que o futebol está mal gerido, conduzido por gente que não entende a alma rubro-negra. Para sairmos do marasmo, é preciso mudar para valer. A menos que, ao contrário do que sempre pregaram, a direção do clube se resuma a esperar que a bola, um dia, entre por acaso.

Fora Bandeira! Renúncia já!

4 comentários:

Barreto disse...

O tal de Márcio Braga além de ser um dos presidentes que ajudou a construir a dívida monstruosa, a qual a administração atual herdou ( não se sabia nem mesmo qual era a dívida), é incoerente. Diz quer no passado não havia condições estruturais como ocorre hoje para justificar que houve períodos até piores que o atual. Para atestar esta incoerência basta fazer duas perguntas. Por que não havia condições estruturais ( nem a dídida se sabia qual era ) ? Porque que hoje existe condições estruturais? Qual foi a diretoria que criou as condições estruturais adequadas de hoje? Ouvir um fanfarrão como Márcio Braga vomitar asneiras explica porque o clube estava falido antes desta administração assumir o clube.

João Paulo disse...

O Márcio é o único presidente do Flamengo que merece alguma consideração. Ganhou 22 títulos - a maioria importante - o Bandeira se ficasse 100 anos não ganharia nem um quarto disso. A parte financeira, profissional é importante é louvável, contudo, o duro mesmo é vencer no futebol. Aí é que eu quero ver.

Luis disse...

Óbvio que a carta tem um viés político (o que até dá medo para a influência que as eleições terão no futebol do Fla no ano que vem). Há partes que concordo, mas a parte que mais discordo é quando ele cita os jogadores em que como "perda" de dinheiro. Muralha, Rômulo, Geuvânio, Everton Ribeiro, Berrio, Mancuello, Cirino, Rodinei, Renê - tirando os dois últimos, que nem vieram com expectativa de titularidade (e ambos fizeram contribuições boas, por sinal), todos os outros mencionados foram celebrados pela torcida quando contratados. É fácil falar agora que o Rômulo e o Geuvânio esqueceram como se joga futebol que foi uma má contratação, mas quando vieram não foi bem assim, a diretoria pode ser culpada por jogadores apresentarem rendimento extremamente abaixo do que a expectativa?

DAVID disse...

Mesmo com todos os títulos a lembrança que tenho do Marcio Braga é a célebre frase : "O dinheiro acabou". Isso com 40 milhões de torcedores /consumidores.
Mais incompetente impossível.