quarta-feira, 10 de junho de 2015

Conselho Gestor do futebol: uma ideia interessante, mas que perdeu sua essência original

O estatuto Rubro Negro obriga o presidente a ter em seus quadros vice-presidentes de diversas áreas, dentre elas a do futebol.

É um cargo político, não remunerado e um dos requisitos é ter cinco anos de vida associativa ininterrupta, ou seja, limita bastante a buscar no mercado alguém já com a vida financeira resolvida, que seja sócio do Flamengo e ainda disposto a encarar essa missão.

Mas ao mesmo tempo o estatuto não proíbe a contratação de diretores remunerados, como o Rodrigo Caetano para o futebol, Marcelo Vido pros esportes olímpicos.



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O clube anunciou ontem a formação de um conselho gestor para o futebol. Na prática oficializou o que já vinha acontecendo: um grupo formado pelo presidente, diversos vice-presidentes, além do Alexandre Wrobel e do Rodrigo Caetano.

(É bom diferenciar do conselho diretor, que é formado por todos os vice-presidentes de todas as áreas)

A ideia original é interessante. O futebol e sua receita de R$ 300 milhões não podem ficar sob a responsabilidade de apenas duas, três pessoas. O conselho gestor, à princípio, ditaria sua visão estratégica e as metas a serem perseguidas pelos profissionais contratados que efetivamente deveriam tocar o trabalho. Disponibilizando um orçamento próprio e avaliando o trabalho executado diante da receita à disposição.

Porém não é o que vem acontecendo e a figura do diretor contratado e especialista do assunto torna-se praticamente nula. Se o Flamengo deseja manter um grupo para dar pitacos no futebol, deveria ser traçado um limite de sua atuação.

O futebol hoje exige rapidez e e dinamismo nas negociações e contratações. Se a cada tentativa de reforço do futebol for necessária uma votação do conselho a pasta ficará ainda mais engessada.

O ideal seria que com o tempo essa participação dos gestores fosse sendo reduzida e o Rodrigo Caetano montasse sua estrutura e tocasse o negócio, sendo cobrado pelos resultados e êxito nas contratações.

É justo que no primeiro ano de gestão e o caos encontrado, Rodrigo Tostes fosse obrigado a ficar com a chave do cofre no bolso. Mas já é o terceiro ano de gestão e o futebol precisa ter sua autonomia.

Escrevi sobre isso logo depois do título da Copa do Brasil em 2013.



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Isso sem começar a falar do futebol na prática, o dia a dia do vestiário, ou alguém do conselho gestor do futebol consegue acompanhar isso? Quem cobra dos jogadores, por exemplo? Quem dá um respaldo ao treinador? Quem apaga uma crise interna, sem precisar de demitir o técnico?

A quantidade de treinadores e de diretores de futebol que passaram pela Gávea podem ser resultado disso.

Repetindo: a ideia de um conselho é interessante, mas com suas ideias originais, e não com o que vemos hoje.

Um comentário:

DAVID disse...

Concordo plenamente e ainda enxergo um outro problema. Sou amigo de algumas pessoas da diretoria e tenho certeza que são honestos, competentes e todos muito bem sucedidos nos seus negócios.Temos hoje um presidente equilibrado, educado e que não vive de bravatas.Mas quando esse grupo assumiu ouvi de um integrante a seguinte frase " esse pessoal é de primeira linha e são as pessoas perfeitas pra colocar o Flamengo numa nova era, o único risco é o ego de cada um...". Essas palavras nunca saíram da minha cabeça. Veio o Wallim pro futebol (lugar que ele nunca teria que ter ido) dando entrevistas dia sim e outro tb, a saída do Godinho,do Bap... Esse é o grande perigo, o Flamengo é grande demais e a exposição é do mesmo tamanho e todo mundo quer ser o pai desse trabalho excelente que vem sendo feito (principalmente nas finanças e esportes olímpicos). Eles não podem querer aparecer mais do que o próprio clube. Temos eleições em dezembro e embora eu ache que ela está ganha, só um louco ou com interesses particulares pode votar na oposição do clube, mas os nomes que ventilam pra presidente do clube não me agradam. Vamos esperar e rezar para que continuemos no caminho do crescimento.