segunda-feira, 15 de julho de 2019

Brasileirão 2019: Flamengo 6 x 1 Goiás


Na estreia de Jorge Jesus no Maracanã, os mais de 65 mil torcedores presentes ganharam uma das melhores atuações dos últimos anos: goleada do Flamengo por 6 x 1. E ficou muito barato.

Foram impressionantes 73% de posse de bola, 29 finalizações com incríveis 17 no gol. Segundo o Footstats, é o maior número de chutes certos de uma equipe no Campeonato Brasileiro desde pelo menos 2006.

Outro número marcante foi o Flamengo com 80% de precisão no passe vertical.

Jorge Jesus quis impressionar a torcida no primeiro jogo no Rio de Janeiro. Manteve Arão de primeiro volante, recuando para formar uma linha de três com os dois zagueiros. Diego mais longe da área, atuando de segundo volante.

Rafinha estreou pela direita, Trauco pela esquerda e não faltou qualidade de passe nessa partida. Praticamente todos em campo sabiam o que fazer com a bola.

A tão falada e cobrada intensidade durante os treinos se viu em campo logo no segundo jogo do treinador Rubro Negro. Foi uma equipe que não se furtou de buscar o gol até o apito final do juiz.

Evidente que o argumento mais fácil, após a goleada, é de que o Goiás não é um forte adversário, que não é parâmetro. Porém o alviverde ocupava a sexta colocação e havia sofrido apenas oito gols em oito partidas disputadas. Só nesse domingo foram seis sofridos. Foi o Flamengo que fez o Goiás ser esmagado da forma que foi e ter se revelado um adversário sem poder de reação.


O JOGO

No primeiro tempo o Flamengo teve 78% de posse - chegou a ter 82%. Trocou 222 passes e não deixou o Goiás jogar - apenas 39 passes.

O começo foi avassalador. Com toques rápidos e muita verticalidade, além da marcação no campo do adversário, o Rubro Negro recuperou uma bola com Arão ainda no ataque e, após toque de Gabigol, Arrascaeta abriu o placar.

O ponto fora da curva foi a rara falha de Rodrigo Caio. Com as linhas altas, a defesa não poderá cometer esse tipo de erro. A partida que parecia tranquila com o 1 x 0 de Arrascaeta e grande atuação vertical e coletiva, ficou complicada após o empate.

Até porque o Goiás chegou duas vezes com perigo. Em saída rápida do goleiro do Goiás, que fez ligação direta para Michael pela direita, nas costas do Rafinha, que chutou na trave.

Aliás, é bom prestar atenção porque o CAP tem uma jogada dessa mesma forma: seu goleiro reserva Santos fez muito dessas ligações diretas no jogo contra o Flamengo, na vitória Rubro Negra por 3 x 2, o último de Abel Braga.

O alívio do Flamengo veio no final do primeiro tempo. Trauco, que errava todas as jogadas, foi o responsável pelo passe pro segundo gol de Bruno Henrique, um alívio!

E aí o time veio com uma avalanche e matou o Goiás. O terceiro gol veio através de contra-ataque que culminou com três Rubro Negros na grande área.

O quarto gol do uruguaio originou-se em nova roubada de bola na altura da linha do meio de campo. Três brigaram pela bola e rapidamente a recuperaram.

O quinto gol veio em jogada trabalhada, após longa e paciente troca de passes e a busca sempre da melhor opção e o espaço vazio, culminando em passe decisivo de Arrascaeta para Gabigol marcar de cabeça.

O sexto gol se iniciou em uma das diversas triangulações que o Flamengo criou durante o jogo. Em novo passe de Arrascaeta para Gabigol fazer seu segundo gol, o sexto do clube da Gávea.

Com 6 x 1 no placar, a equipe permanecia ligada, sendo regida pelo seu maestro à beira do campo, que parecia nunca estar satisfeito e pedia a todo instante que sua equipe fosse para cima em busca do sétimo gol.

Era tudo que a torcida sonhou. O torcedor Rubro Negro nunca se contentou com placar magro, atuação no limite, futebol reativo, principalmente jogando no Maracanã.

Jorge Jesus entendeu claramente e de forma rápida isso. Foi corajoso e ousado e acabou sendo premiado com uma das melhores atuações dos últimos tempos.

Não foi apenas um "time sem volante e sem o lateral marcador". Não basta apenas colocar uma equipe toda pra frente, sem volante de ofício, para o sucesso ser garantido. Zé Ricardo já havia feito isso quando foi demitido, ao escalar Arão de primeiro volante, Trauco na lateral, na derrota para o Vitória na Ilha do Urubu por 2 x 0.

É preciso saber construir um sistema, um esquema de jogo e fazer com que os jogadores entendam o que está sendo cobrado.  Além de assumir os riscos. Evidente que não será sempre dessa forma que o Flamengo irá jogar.

O grande segredo do sucesso aqui no Brasil é a linha alta. O desafio: administrar esse sistema de jogo. O problema: nenhum treinador brasileiro parece ter a capacidade disso. O máximo que tivemos foi: elogiar quem tinha mais de 70% de posse de bola.

É, sem dúvida, um excelente e promissor começo.

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