quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Cruzeiro tenta reverter estaduais esvaziados com arquibancadas lotadas

O que dizer então desses quatro meses com os irrelevantes e irritantes estaduais, que não atrai e não interessa? Cujos jogos só interessam realmente a torcida na fase final?

O Cruzeiro vem tentando reverter essa ideia de estádios vazios durante o estadual.

E aqui vale uma observação: o time mineiro não é exemplo nenhum de gestão do futebol. Devem milhares em contratações, dirigentes falam abertamente que não vai pagar, os salários estão atrasados e mesmo assim trouxeram vários reforços.

Porém, estão tentando fazer algo de novo lá em Minas, pelo menos à nível de arquibancada. Sem entrar no mérito da situação atual de Belo Horizonte em termos de segurança pública e a parceria com a Arena Minas, peculiaridades distantes das vividas no Rio / Maracanã, o Cruzeiro em três jogos levou mais de R$ 100 mil torcedores ao Mineirão. E os adversários foram nada mais nada menos que Tupi, Uberlândia e América-MG.

O clube foi campeão da Copa do Brasil, está na Libertadores e o novo presidente iniciou sua gestão com discurso de ganhar todos os títulos da temporada. Trouxe o Fred, manteve o treinador e os principais jogadores.

Mas só isso é o bastante para levar quase mais de 40 mil cruzeirenses para o jogo contra o Tupi?

Além da euforia pelo time, shows, promoções em bebidas, blocos de carnaval e espetáculo circense têm sido atrações nos jogos do Cruzeiro. A cerveja custa R$ 5, metade do preço normal, e teve show da dupla Henrique e Manoel contra o Tupi. Contra o Coelho, um bloco de carnaval e food trucks foram espalhados pelo estádio e os sócios-torcedores tinham desconto na compra.

O vice-presidente executivo do clube mineiro, Marco Antônio Lage, indica o caminho para encher o estádio no meio de semana, em horário tarde da noite, no site UOL: "Está nos nossos planos levar mais arte e cultura para o estádio. Se tem um jogo à noite, às 21h45, um horário típico, vamos ampliar as oportunidades e o entretenimento para o torcedor. Ele sai de casa ou do trabalho no início de noite e vai ter show, diversidade de comida e bebida. Ele vai ter uma série de opções para curtir".

Palmeiras e Corinthians apostam na fidelidade do seu sócio torcedor para manter os ingressos caros e as arquibancadas cheias.

O Cruzeiro optou pelo seguinte: o sócio que já tem direito a um ingresso liberado, pode adquirir outro pela metade do preço. Após essa compra, o torcedor pode adquirir mais dois ingressos por meio do programa de pontos: 1000 cruzeiros cada um. O que a maioria já tinha, visto que o sócio ganha, na adesão ao programa, 4800 cruzeiros automaticamente.

Ou seja, no último jogo contra o América-MG, o público pagante foi de 28 mil. Cerca de 18,5 foram ingressos "gratuitos" relacionados ao sócio-torcedor. No entanto, houve o ganho esportivo com estádio lotado, o ganho com o programa de sócio-torcedor que cresce a cada dia, e público pagante bem acima da média desse período da temporada.


FLAMENGO

Tudo isso, evidente, para chegarmos até o Flamengo. Que sofre sim, é verdade, pela falta de um Maracanã viável, pelos custos altos, pela violência e abandono com que vive a cidade maravilhosa.

No entanto, se tem alguém que a torcida pode cobrar é o clube que a gente torce. E o Flamengo precisa pelo menos acertar sua parte. Inicialmente, com ou sem Maracanã, é bom que fique claro que o clube não faz a mínima questão de ter torcedor nos jogos do Estadual. E não adianta o argumento de que colocou ingresso a 20 reais e não lotou a Arena da Ilha. A gestão Eduardo Bandeira de Mello nunca escondeu qual era sua precificação desejada: preferia o estádio vazio ou com setor fechado a criar mecanismos para atrair seu torcedor.

Esgotar ingressos na reta final do Brasileiro ou no mata-mata da Sul-Americana não é difícil, trabalho mesmo é levar o torcedor para assistir um Flamengo x Bangu.

E, pelo visto, preferem não ter nenhum. Não será do dia pra noite que esse panorama vai mudar. Será preciso criar uma nova cultura, que foi esquecida nesses últimos anos por uma série de motivos, e que afastou muito torcedor de ir ao estádio em jogos de menor importância. Ou em partidas pelo Brasileiro que muitas vezes não são tão atrativas. Coisa que o Cruzeiro está fazendo agora: cativando seu torcedor para, nos bons e maus dias, não se esqueçam de como é bom e agradável frequentar o estádio.

Infelizmente não há sinal de uma mudança nesse sentido pelos lados da Gávea.

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