Era 6 de dezembro de 1995, ano do centenário, e o Flamengo precisava de um título para salvar a temporada, que havia começado esperançosa, com a contratação de Romário, campeão do mundo, que se juntou ao jovem Sávio, formando com Edmundo o que deveria ter sido o "melhor ataque do mundo".
O Flamengo já havia perdido o título estadual no gol de barriga de Renato Gaúcho, havia sido eliminado da semifinal da Copa do Brasil para o Grêmio de Felipão e fazia um Brasileiro miserável.
A última esperança era a Supercopa dos campeões, torneio que reunia os campeões da Libertadores. A campanha era boa: havia eliminado o Vélez da Argentina, Nacional do Uruguai e o Cruzeiro. Já o adversário, das três classificações, duas foram obtidas nos pênaltis.
No primeiro jogo, sem Edmundo, que havia se envolvido no acidente de carro que provocou a morte de duas pessoas no Rio de Janeiro, o Independiente fez 2 x 0, com o jornalista Apolinho de treinador da Gávea.
O primeiro gol argentino foi relâmpago: logo aos 40 segundos. Segundo relato do jornal, Romário e Sávio faziam uma partida apagada. O jogo seguia quente, com muitas faltas. Aos 27 minutos do segundo tempo, quando o Flamengo era melhor, o Independiente marcou o segundo.
Aqui o histórico com as notas e comentários sobre as atuações dos jogadores sem firulas: "mal na defesa, pior no apoio", "cobrança de falta bisonha" e "noite horrorosa".
O time voltou pro Rio com a missão de encerrar a temporada com o título, após altos investimentos feitos para o ano do centenário:
O Maracanã recebeu mais de 105 mil torcedores. As catracas foram arrebentadas e houve invasão do estádio. Uma mulher foi pisoteada e faleceu dias depois.
Porém, o resultado não veio, e o centenário terminou de forma trágico. Apenas 1 x 0 aos 16 minutos da etapa final com gol de Romário não foi o suficiente:
Porém, o resultado não veio, e o centenário terminou de forma trágico. Apenas 1 x 0 aos 16 minutos da etapa final com gol de Romário não foi o suficiente:
E as notas com os ótimos comentários: "Horroroso", "Nem cruzamento de bola parada acertou", "Inútil como cabeça de área".
1999
Quatro anos depois, Flamengo x Independiente se cruzaram novamente, porém, dessa vez, pela quarta de final da Copa Mercosul em 1999. O último título relevante havia sido em 1992, apesar da vitória contra o fortíssimo Vasco no Estadual daquele ano, recém campeão da Libertadores no ano anterior.
Na última rodada da fase de grupos o Flamengo precisava de vencer por diferença de quatro gols para conseguir a classificação. Romário tratou de garantir a vaga marcando os quatro. Com 35 minutos do primeiro tempo, a missão já estava cumprida. Terminando com um sensacional 7 x 0 contra o Universidad do Chile.
No primeiro jogo da quartas de final, empate com sabor de heroísmo. Com dois a menos o Flamengo segurou como pôde o 1 x 1 em Buenos Aires.
A história do jogo conta que Beto foi expulso no primeiro tempo e mesmo com um homem a menos, Fábio Baiano abriu o placar. Na etapa final, Reinaldo também foi expulso. Os argentinos empataram e Clemer pegou tudo para segurar o importante resultado e decidir a vaga no Maracanã.
Os preparativos para o jogo de volta foram animadores: quem comprasse ingresso até às 18h no metrô da Gávea ou no Maracanã garantiria também o ingresso para assistir o jogo contra o Santos pelo Brasileiro para garantir o G8. (Não adiantou muito, porque o Rubro Negro perdeu por 1 x 0 gol de Dodô. Ato contínuo, na última rodada, com todos os resultados favoráveis para voltar a entrar na zona de classificação do Brasileiro, acabou perdendo para o Juventude por 3 x 1. Foi justamente no Sul do país a última partida de Romário pelo Flamengo. A partir da semifinal da Mercosul em diante, quem deveria resolver era Lê, Reinaldo, Caio e cia)
Sem Reinaldo e Beto expulsos na Argentina, os problemas de contusão eram inúmeros: Fabão, Jorginho, Leonardo Inácio, Rodrigo Mendes, Caio e Marco Antônio também desfalcam o elenco do Carlinhos, que contou com apenas cinco suplentes no banco de reservas: Júlio César, Juan, Ronaldo, Maurinho e Lê.
Com menos de 24 minutos o Flamengo já atropelava o Independiente por 3 x 0: Leandro Machado aos 10, Fábio Baiano aos 15 e Romário aos 24. E aos 11 minutos do segundo tempo, Leandro Machado marcou seu segundo gol.
A vaga para a semifinal estava garantida e o adversário seria o Peñarol.
2001
Após um começo horrível na Copa Rio-São Paulo, quando o Flamengo fez sua pior campanha na história, o sol começou a brilhar na Gávea.
Na disputa pelo título da Taça Guanabara, decisão contra o Fluminense, pênaltis, e o gol espírita de Cássio, após defesa do goleiro tricolor, a bola quica e entra de mansinho. O Vasco venceu a Taça Rio e novamente os dois rivais estavam na disputa pelo Carioca.
Primeiro jogo, vitória vascaína por 2 x 1. O Flamengo precisaria de ganhar por dois de diferença para ser campeão. Vencia por 2 x 1 até os 43 minutos do segundo tempo, quando Petkovic fez o histórico gol de falta, que rendeu o tricampeonato carioca, ambos conquistados em cima do rival de São Januário.
Logo na sequência, embalado pelo título carioca, nova conquista: Copa dos Campeões, torneio que reunia os campeões estaduais e o campeão se classificaria para a Libertadores do ano seguinte. No primeiro jogo da decisão contra o São Paulo, vitória por 5 x 3, no segundo, derrota por 3 x 2. Pet novamente marcou outro golaço de falta, o segundo, que garantiu a conquista. Em poucos meses, dois títulos seguidos, e a classificação para a Libertadores do ano seguinte.
A temporada deveria ter sido animada, no entanto, no decorrer do ano, novamente um Brasileiro tenebroso, lutando para não ser rebaixado.
Outra vez o clube joga todas as fichas na Mercosul. O espírito era bem diferente: primeiro lugar do grupo 2 com apenas uma derrota e novamente o adversário nas quartas de final era o Independiente.
Primeiro jogo da final, uma boa atuação do Flamengo, que criou as melhores chances, mas não conseguiu marcar. O empate sem gols estava de bom tamanho:
Vésperas do jogo de volta, que foi disputado em Brasília, problemas internos entre as duas estrelas da equipe: Edilson e Petkovic. Tudo começou quando o gringo se recusou a assinar uma camisa com os dizeres: "Edilson 100%". Sem condições de saúde pra contornar os problemas do vestiário, Zagallo transferiu a responsabilidade para a diretoria, que também nada fez.
Com esse clima, o Flamengo novamente goleou o Independiente por 4 x 0 e garantia a vaga na semifinal contra o Grêmio.
Graças à trégua entre as duas estrelas da equipe, após apelo dos próprios companheiros, entre eles Julios César no gol, a dupla conversava através de passes dentro de campo e encaminhava a bela vitória.
Com um a mais, Pet tocou para Edílson abrir o marcador aos 24 minutos. Na comemoração, os dois nem se olharam. Pet seguia endiabrado e deixou o zagueiro Juan livre para fazer 2 x 0 aos 25 minutos. Aos 34 minutos, escanteio novamente cobrado pelo gringo e Juan fez 3 x 0. Aos 24 minutos da etapa final, Edílson marcou de cabeça e liquidou a fatura.
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