Confira trechos da coluna:
No domingo último, fui ao Maracanã participar de sua grande festa de reinauguração. O estádio ficou lindo, a organização do evento foi excelente e quase tudo funcionou perfeitamente.
Mas, se por um lado o Rio de Janeiro passou a ter uma casa de espetáculo à altura do que de mais moderno existe no mundo, o benefício que ela trará para a melhoria do futebol é no mínimo questionável. (...)
O que chega realmente, na maioria das vezes, bem próximo ao ridículo é a arrecadação com os ingressos dos jogos.
Algumas causas podem ser atribuídas a isso, passando pela redução do público devido ao incremento dos assinantes em TV fechada de pay-per-view, pela segurança nos estádios e pela falta de ídolos jogando em equipes brasileiras.
Mas a qualidade dos estádios, aí incluindo não só o conforto como também a qualidade dos serviços oferecidos, certamente reduzem as possibilidades de cobrança de ingressos mais caros.
Via de regra, o que tínhamos no Brasil eram estádios muito antigos, com concepções ultrapassadas. E, com os clubes tendo baixíssima capacidade de investimento, pouco acontecia.
A iminência da chegada da Copa do Mundo promoveu por aqui, a exemplo do que ela e os campeonatos europeus de futebol proporcionaram a vários países daquele continente, a demanda por investimentos em modernização e construção de estádios.
Isso gerou uma expectativa positiva para os grandes clubes, que viram a possibilidade de surgir a oportunidade de gerir estádios modernos, financiados com dinheiro público, para a realização de seus jogos.
Pelo menos essa foi a solução adotada para o Corinthians com o Itaquerão, como também tinha sido a do Engenhão, estádio construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio, e que teve sua administração concedida ao Botafogo.
Mas, infelizmente, esse não será o destino do novo Maracanã. Os clubes de futebol, únicos agentes geradores de renda capazes de viabilizar economicamente a manutenção dos estádios através de suas torcidas e dos mandos de campo de suas partidas, foram incompreensivelmente alijados do processo "competitivo" que levou à escolha de um grupo concessionário.
Aos clubes sobrou a alternativa de negociar com os agentes privados escolhidos, em clara situação de desvantagem, a transferência de grande parte do valor que somente eles têm em troca do direito de poder jogar onde sempre foi a sua casa. E pior, tendo que ficar algemados a essa solução por décadas, impedindo assim que possam buscar alternativas em médio prazo.
A Copa certamente trará benefícios à infraestrutura do Rio e de outras cidades-sede. Quanto aos clubes locais, ainda é cedo para dizer...
Um comentário:
Ora o que penso é que os clubes só serão reféns se não demonstrarem sua força. O edital é muito claro, diz que resumidamente que a empresa ganhadora tem que fechar com dois clubes para a concessão tenha validade, o que ninguém questionou ainda é: e se os 4 grandes do rio se juntarem e firmarem que não assinam com o consórcio vencedor a menos que elas possam entrar como parte do consórcio, em condição que não os coloque como meras marionetes? E olha que talvez não precisasse nem dos 4 grandes... quem é o maior pagador do Maraca? Definitivamente os clubes não sabem as forças que têm...
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