Entrevista de Zico à revista Veja

Vamos lá colocar alguns trechos da entrevista de Zico as páginas amarelas da revista Veja dessa semana, confira então:


A matéria começa com um título polêmico: O Fla não aceita bandido.






Segundo Zico, para evitar novos casos policiais do Flamengo, é necessário, de uma vez por todas, fazer com que os jogadores entendam o básico: como qualquer profissional, ele têm um conjunto de regras, e essas regras não é apenas comparecer aos treinos e aos jogos, e que as vezes nem acontece, como também ter que dar bom exemplo para os garotos da base, e isso deve ser inegociável.

Zico disse que os jogadores não poderão mais fazer o que bem quiserem, sem uma punição severa por parte do Clube, pois segundo o galinho, a crise de valores que se instalou na Gávea tem relação direta com a leniência.

Mais uma vez ele afirmou que as conquistas recentes mascararam questões graves. "Que enquanto ganhavámos títulos, os jogadores faziam suas próprias regras", e deu um exemplo, que quando o treinador marcava um treino para a manhã, aparecia sempre alguém que pedia para colocar o treino para a tarde, "senão vai dar problema" e que muitos jogadores não concordavam com isso.

"É papel do Clube, como instituição de tanto peso, zelar também pelos valores. Para mim, o jogador que faz isso (envolvimento com criminosos) não merece vestir a camisa do Clube, por mais talento que tenha"

"Os times com resultados mais sólidos nos últimos anos foram justamente aqueles que se preocuparam em formar atletas no sentido mais abrangente"

E cita o exemplo de Telê Santana, que sob o comando do treinador, "o São Paulo implantou um eficiente centro de formação de jogadores que, entre outras coisas, ensina o exato valor de vestir uma camisa oficial."


Sobre a faixa de capitão: "É preciso exercer uma efetiva liderança sobre o grupo, respeitar a torcida antes de tudo e ser o primeiro a dar bom exemplo. Quem não entende isso não ficará no Clube".

"Já cansei de ver empresários oferecendo dinheiro ao treinador para escalar o jogador dele"

"É preciso profissionalizar a gestão. A primeira lição que se aprende de países como o Japão diz respeito aos contratos. "

Zico disse que era proibido jogar uma pelada sem antes consultar o Clube, porque lá no Japão como treinador, os dirigentes zelavam pela integridade física dele.

Um exemplo negativo, foi o Adriano, que mesmo com a bendita ferida no pé em fase de cicatrização, jogou peladas no final do ano, inclusive na praia.

Sobre a Espanha, Zico afirma que foi o futebol que mais o encantou: "Eles não têm medo do jogo e não entram em campo pensando em outra coisa que não seja aquela partida."

Seria uma boa o Rogério Lourenço saber o que Zico pensa sobre o verdadeiro futebol e parar de ser retranqueiro.

Sobre a CBF: "Está claro que eu e o Ricardo Teixeira não temos nenhuma afinidade. Além disso, meu compromisso com o Flamengo é até 2012. Sei que será duríssimo, mas não tinha como recusar um convite como esse justamente no Clube em que me formei e tive mais alegrias no futebol"

Para concluir, sobre outros ex-jogadores que chegaram ao Flamengo com a mesma missão, mas saíram decepcionados, dizendo que seria impossível implantar uma gestão profissional no Clube:

"Seria ingenuidade minha achar que posso tranformar de uma hora para outra, uma cultura de leniência tão arraigada no clube. Não vou instaurar uma ditadura, mas estou preparado para que algumas posições e atitudes suscitem polêmicas. Tenho a independência necessária para mudar e convicção sobre os rumos a tomar. Com tantos anos passados no Clube, sei bem o que a torcida quer. Mais do que um time vitorioso, espera-se que o Flamengo volte a ser um celeiro de jogadores que entendam, como todas as letras, o que é ser um atleta de verdade"